Numa entrevista publicada hoje no Jornal de Negócios, o CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estima estar em risco de incumprimento um quinto do crédito a empresas abrangido pelas moratórias no banco, que, atualmente (e considerando também os particulares), ascende a 5.500 milhões de euros.
Reconhecendo que, com o fim da primeira moratória, “houve um ligeiro aumento do incumprimento”, Paulo Macedo afirma: “O que nós entendemos que está em risco é uma parte de cerca de 20% do que está em moratórias de empresas. […] Na parte dos particulares, não pensamos que vá haver problemas, desde que não haja aumento do desemprego”.
Numa altura em que antecipa um aumento do incumprimento, nos planos da administração da CGD está a venda de “uma ou duas” carteiras de crédito malparado - “créditos muito antigos, que têm garantia real” - no valor de 100 milhões de euros.
Relativamente à reestruturação interna na CGD, que, segundo o Negócios, “levou ao fecho de 134 balcões e à saída de 2.285 trabalhadores”, Macedo diz que os cortes são para continuar (“embora a redução de custos não seja ilimitada”) e, sobre eventuais despedimentos, afirma que “a Caixa fará o que o mercado disser”.
Numa altura em que se prepara para assumir o segundo mandato à frente da CGD e a Caixa está a ultimar um novo plano estratégico, o presidente executivo sustenta que “há um valor claro para o país em ter uma banca portuguesa” e considera que, “se a Caixa não participar em aquisições, naturalmente perderá a liderança, porque os outros vão fazê-las”.
“Ser líder tem um valor e a Caixa estará atenta”, garante, apontando como exemplos “carteiras de crédito que possa comprar” ou “operações postas à venda que possam ser adquiridas”.
Segundo Paulo Macedo, “o que a Caixa veria com interesse […] seria uma carteira de crédito ou uma área de PME [pequenas e médias empresas]”, área onde a instituição quer “continuar a crescer”.
Para este ano, a garantia do presidente da CGD é que a instituição “vai fechar com resultados positivos” (em 2020 apresentou um lucro de 492 milhões de euros), “cumprir o seu orçamento” e “estar mais bem preparada para 2022”.
“Não estou pessimista com os resultados da Caixa, mas os resultados da banca, como um todo, vão continuar estagnados durante muitos anos”, prevê, antecipando que a rentabilidade da banca em Portugal e na Europa “vai continuar a não pagar o custo do capital nos próximos anos”, devido à “política de taxas de juro muito baixas”.
Sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Paulo Macedo diz ser “totalmente decisivo para Portugal” e “bom para a banca, porque também é bom para as empresas”, considerando que “a banca tem toda a obrigação de dar uma resposta boa e tem capacidade” para “complementar os financiamentos” previstos no programa.
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