“Os dados finalizados que existem são dados referentes ao mês de janeiro, mas os relatos que eu tenho da parte de produtores já mostram algum abrandamento, nomeadamente nas exportações para a China”, revelou o responsável da CVRA, Francisco Mateus, em declarações aos jornalistas, em Évora.
Questionado sobre os possíveis impactos do Covid-19 nas vendas dos vinhos produzidos na região, Francisco Mateus disse temer que o novo coronavírus possa significar, para o setor do vinho mundial, uma baixa generalizada de vendas”.
“As questões de segurança de saúde são sempre postas em primeiro lugar e certamente que o consumo de vinho não será uma prioridade para aqueles que estiverem doentes”, nem “mesmo para aqueles que não estiverem doentes”, disse aos jornalistas, à margem da inauguração das novas instalações da Rota dos Vinhos do Alentejo, situadas no “coração” do centro histórico de Évora.
Apesar de descartar a hipótese de o Codiv-19 significar “alguma hecatombe para o setor do vinho”, o presidente da CVRA disse acreditar que “esta crise de saúde que começou na China e se tem vindo a alargar a mais países” possa “ser uma coisa de nível mundial” e “o Alentejo não vai ter certamente a sorte de passar ao lado disso”.
Ainda para mais quando a China ocupa o 5.º lugar da lista de países para onde os vinhos da região são mais exportados (o ‘ranking’ é liderado pelo Brasil, seguindo-se Estados Unidos, Angola e Polónia), de acordo com dados de 2019 divulgados pela CVRA.
"A China está nos cinco principais mercados dos Vinhos do Alentejo e, portanto, obviamente que nós vamos sentir. Provavelmente, neste momento, os produtores já estão a sentir uma diminuição de encomendas nestes primeiros dois meses do ano”, vincou Francisco Mateus.
“Vamos ver depois do verão ou até ao verão. Aparentemente o vírus não se dá bem com temperaturas mais elevadas” e, na China, “parece haver alguma menor intensidade do vírus”, pelo que é preciso “esperar” e “observar”, defendeu o presidente da CVRA.
Apesar de a colheita de 2019 dos Vinhos do Alentejo ser “excelente em qualidade”, este ano não deverá ser “fabuloso em termos de mercado”, antecipou o mesmo responsável, deixando, contudo, um desejo: “Pode ser que o segundo semestre do ano seja melhor do que o primeiro”.
O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90 mil pessoas em cerca de 70 países e territórios - incluindo duas em Portugal -, tendo cerca de 48 mil recuperado, segundo autoridades de saúde de vários países.
Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco “muito elevado”.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou na segunda-feira os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.
Um tripulante português de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.
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