“Diria que, para a segunda fase [de combate à crise associada à pandemia] precisamos de pelo menos mais 500 mil milhões de euros das instituições europeias, mas pode ser mais”, disse o diretor do MEE em entrevista hoje publicada no jornal italiano Corriere della Sera.
Klaus Regling acrescentou que, para isso acontecer, será necessário “discutir novos instrumentos com mente aberta, mas também usar as instituições existentes”, incluindo, “em particular, a Comissão [Europeia] e o orçamento da União Europeia”.
Relativamente às “condicionalidades” de acesso aos empréstimos, por parte dos países, patentes na declaração do Eurogrupo no final da reunião de 09 de abril, Regling disse que houve um “mal-entendido” por quem entendeu que estariam associadas, por exemplo, medidas de redução de défices.
“A condicionalidade acordada no início não vai mudar durante o período em que a linha de crédito estiver disponível. O Eurogrupo tem isso claro, dizendo que o único requisito para se obter o empréstimo só está na forma como que se gasta o dinheiro”, considerou.
Os ministros das Finanças europeus acordaram em 09 de abril uma resposta económica “impensável há apenas algumas semanas” em torno de um pacote com “redes de segurança” para trabalhadores, empresas e Estados-membros que ascende a 500 mil milhões de euros, segundo Mário Centeno, presidente do Eurogrupo.
O diretor do MEE relembrou hoje que, posteriormente, “todos os Estados-membros da União Europeia permanecem comprometidos em fortalecer os seus dados essenciais de acordo com o modelo de supervisão europeu, incluindo a sua flexibilidade”.
“Isto também está no comunicado do Eurogrupo. Mas isto não é, claramente, uma condição para o empréstimo. Quaisquer preocupações que tenham sido levantadas têm de ser postas de lado”, assegurou o responsável.
Klaus Regling afirmou que a disponibilização dos fundos pode ser feita em tranches, mas ”em condições normais” será feita num ano, acrescentando que ainda estão em discussão os prazos de reembolso dos créditos concedidos pelo MEE.
Sobre a possível emissão títulos de dívida mutualizada entre os países da zona euro, os ‘coronabonds’ ou ‘eurobonds’, o responsável disse acreditar que serão necessários “novos instrumentos e talvez novas instituições para apoiar a fase de recuperação económica”, mas que isso “levaria algum tempo”.
“Se se decidir, por exemplo, emitir ‘coronabonds’, seja de que forma for, não haverá dinheiro a chegar antes do próximo ano. Eu sei disto pela minha experiência ao construir o MEE e o organismo que o precedeu, o FEEF [Fundo Europeu de Estabilidade Financeira]”, declarou.
Comprando a atual crise com a anterior, Regling afirmou que na altura “os problemas não foram causados por um choque inesperado que afetou toda a gente, como acontece hoje, mas por erros de política económica da década anterior”.
“A cura desses problemas causou o sofrimento que a população teve de enfrentar. Mas foi inevitável”, considerou o economista alemão, acrescentando que “o mais importante é que esses países puderam permanecer no euro”.
“Mas isso é história: hoje estamos a propor um instrumento completamente diferente”, referiu.
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