Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) tratados num comunicado da ATP, os 454,3 milhões de euros exportados em outubro ficam 34 milhões de euros abaixo das vendas do mesmo mês de 2019 e representam um agravamento face à quebra homóloga de 5% verificada em setembro.
Em termos cumulativos, de janeiro a outubro, os têxteis e vestuário somam um valor exportado de 3.882 milhões de euros, menos 12,0% do que no mesmo período de 2019.
As importações acumulam até outubro um valor de 3.125 milhões de euros (-16%), originando um saldo da balança comercial do setor de 757 milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 124%.
No mês de outubro, as maiores quebras registaram-se no vestuário exterior (fatos, casacos, calças, bermudas) em tecido, de uso masculino (menos nove milhões de euros exportados, equivalente a -36%); no vestuário exterior (fatos, conjuntos, casacos, vestidos, saias, saias-calças, calças, bermudas) em tecido, de uso feminino (menos 6 milhões de euros; -22%); nas meias e meias calças (menos 3,2 milhões de euros; -23%); e nas camisas em tecido, de uso masculino (menos 2,5 milhões de euros; -31%).
Já a categoria de produtos onde se encontram, entre outros, as máscaras têxteis, designada de ‘artefactos têxteis confecionados’, foi a que registou maior crescimento absoluto (mais 9,3 milhões de euros, correspondendo a +264%), seguindo-se as roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha (com mais 4,4 milhões de euros exportados; +9%) e os tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados com plástico (com mais 2,8 milhões de euros exportados; +18%).
Analisando a evolução dos vários países de destino das exportações portuguesas do setor, a ATP destaca, em outubro, os Estados Unidos como o destino que registou maior crescimento em termos absolutos (mais 2,8 milhões de euros; +13%), seguindo-se o Reino Unido (mais 2,1 milhões de euros; +6%) e a Alemanha (mais 1,9 milhões de euros; +5,2%).
Espanha, pelo contrário, continua a liderar a tabela dos países que registam maior quebra, com um recuo de 27 milhões de euros (-17%) em outubro, seguida da Itália (menos 4,6 milhões de euros; -13%).
Também em comunicado, a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC/APIV) precisa que a redução de 12,2% das exportações do segmento de vestuário em outubro, acima -11,9% de setembro, agravou a quebra homóloga acumulada do setor, que nos primeiros 10 meses do ano perdeu quase 470 milhões de euros, ficando-se por exportações de 2,17 mil milhões de euros (contra 2,64 mil milhões no período homólogo de 2019).
“Espanha regista a maior quebra, tanto em termos relativos como absolutos, com uma diminuição de 30,1%, equivalente a menos 318,6 milhões de euros”, destaca.
Segundo a ANIVEC/APIV, “face aos números dos primeiros nove meses do ano, as quedas adensaram-se igualmente nos envios para os Países Baixos (-17%) e para os Estados Unidos (-15,3%), registando-se também perdas substanciais nos mercados de França (-6%), Alemanha (-3,7%), Reino Unido (-9,9%) e Itália (-7,7%)”.
Citado no comunicado, o presidente da ANIVEC afirma que “a degradação da situação sanitária já se sentiu nas encomendas e, consequentemente, nas exportações de outubro, com os clientes a mostrarem-se mais receosos e a preferirem não arriscar”.
“Os confinamentos e restrições que estiveram em vigor em novembro e que continuam em muitos países neste mês de dezembro deverão trazer mais más notícias para a indústria de vestuário portuguesa e a melhoria provocada pela esperança de uma solução, com as vacinas, ainda vai demorar vários meses a refletir-se no negócio”, acrescenta César Araújo.
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