Numa declaração para a Lusa, em reação à decisão de sexta-feira passada da Standard and Poor’s (S&P), que melhorou o ‘rating’ de Portugal passando-o para um nível de investimento, Euclides Tsakalotos afirma, no entanto, que pelo facto de se tratar de uma boa notícia “não é dizer que, para um governo progressivo, o árbitro final do seu desempenho devem ser os mercados e as agências de ‘rating'”.
“O que é promissor, não só para Portugal mas também para o resto da Europa, é que é possível alcançar tal sucesso mesmo prosseguindo uma agenda progressiva”, defendeu o governante grego.
Reconhecendo que “as restrições do governo grego não advêm só dos mercados financeiros, mas também do programa com os seus credores”, Tsakalotos afirmou que “ao menos há uma luz ao fundo do túnel”.
O homólogo grego de Mário Centeno referiu que a economia helénica “está a recuperar”, que houve “um primeiro sinal dos mercados em julho último” e que “há vontade política tanto do governo como do Eurogrupo” para que a Grécia saia do atual programa de resgate “sem precisar de outro programa”, numa altura em que o executivo grego está “a fazer o seu melhor para proteger os mais vulneráveis, para apoiar o sistema nacional de saúde e para fornecer um enquadramento humanitário para a crise dos refugiados”.
Nesta declaração feita hoje à Lusa, Euclides Tsakalotos disse esperar que “os exemplos de Portugal e da Grécia inspirem outros” e “deem mais força aos que procuram uma arquitetura europeia económica e financeira que possa atacar não só o problema das desigualdades sociais e regionais, mas também o sentimento que as pessoas normais têm de que não podem influenciar as decisões que afetam as suas vidas”.
A S&P decidiu na sexta-feira melhorar o ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’, a nota mais elevada de ‘lixo’, para ‘BBB-‘, a mais baixa de investimento, dispensando o passo intermédio habitual de subir a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’, antes de o fazer.
Em declarações por telefone à Lusa, o ministro das Finanças, Mário Centeno, congratulou-se com esta decisão de uma das três maiores agências de notação financeira, afirmando que essa é a “melhor garantia” para a estabilidade do processo orçamental e financeiro português no futuro.
“É uma excelente notícia para Portugal, para as empresas, para todo o setor empresarial e produtivo em Portugal e para as famílias, com certeza. Isto significa uma redução muito significativa dos custos de financiamento de toda a economia portuguesa”, afirmou o governante.
Questionado pela Lusa sobre se a decisão da S&P altera as opções políticas para o Orçamento do Estado para 2018, Mário Centeno disse que “traz resiliência e sustentabilidade para o futuro” mas que “não traz, neste momento, uma alteração significativa das condições em que se pode desenhar o OE2018″, até porque as Finanças já estavam a trabalhar sobre um cenário de descida dos juros da dívida.
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