“As grandes empresas de petróleo cavalgaram em cima de grandes mentiras”, acusou Guterres, na sua intervenção no Fórum Económico de Davos, que decorre esta semana na Suíça, defendendo que quem o fez “tem de ser responsabilizado”.
Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, “alguns produtores de combustíveis fósseis tinham total conhecimento, na década de 1970, de que o seu produto estava a queimar o planeta, mas, tal como [aconteceu] na indústria do tabaco, passaram por cima da ciência”.
Mesmo hoje, sublinhou Guterres, “os produtores de combustíveis fósseis tentam aumentar a produção sabendo perfeitamente que este modelo de negócio é inconsistente com a sobrevivência humana”.
Para o líder da ONU, a Humanidade está “a brincar com [a possibilidade de haver um] desastre ambiental”.
“Todas as semanas surge uma nova história de horror climático. As emissões de gases com efeito de estufa estão em níveis recorde, mas continuam a aumentar”, alertou, referindo que o compromisso para travar o aumento médio global da temperatura a 1,5 graus Celsius está a desvanecer-se.
“Se não adotarmos mais ações, vamos ter um aumento de 2,8 graus e as consequências disto, como todos sabemos, serão devastadoras”, advertiu.
“Muitas partes do nosso planeta deixarão de ser habitáveis e, para muitos, isso será uma sentença de morte”, acrescentou ainda, sublinhando, no entanto, que “isto não é nenhuma surpresa”.
A ciência, frisou o representante, “tem sido clara há décadas”, mas muitos preferiram não seguir as recomendações.
Uma situação que António Guterres admitiu “parecer ficção científica”, referindo, no entanto, que “são os factos duros e crus”.
Guterres considerou ainda que é preciso enfrentar os problemas de maneira frontal.
“Estamos a olhar para o olho de um furacão de categoria 5”, disse, reiterando que o cenário global mostra “uma tempestade perfeita em várias formas”.
“No curto prazo temos uma crise económica global”, com “muitas regiões do mundo a enfrentar uma recessão e o mundo inteiro a sofrer um abrandamento [económico]”, afirmou, acrescentando que “as muitas desigualdades e a crise estão a afetar sobretudo as mulheres e meninas” em todo o mundo.
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