"Pese embora a valia económica que pudesse ter o projeto, não fazia nenhum sentido que a Caixa fosse fazer um investimento para ter 5% em Espanha para tornar possível que uma empresa espanhola decidisse um investimento em Portugal", disse Jorge Tomé durante a sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, na Assembleia da República, em Lisboa.
A participação na La Seda, empresa catalã que estava a planear a construção de PET, serviria para "trazer o projeto para Portugal", em Sines, de acordo com Jorge Tomé.
"Não fazia sentido, na nossa opinião, mas essa não era uma decisão que o Caixa BI [administrado por Jorge Tomé] tivesse qualquer competência para tomar", acrescentou.
A decisão foi depois tomada pela administração central da CGD e classificada como "muito importante para Portugal".
"A nossa [da Caixa BI] recomendação foi de não investir, mas o conselho disse que era um projeto estruturante e, portanto, sugeriram que a Caixa Capital e o Caixa BI estudassem o projeto com mais profundidade", prosseguiu Jorge Tomé.
No entanto, em termos técnicos, o ex-administrador da CGD disse que o projeto da La Seda em Sines não tinha "nada a apontar", que a empresa catalã era "uma empresa crescente".
Jorge Tomé esclareceu também que "não estava planeado financiar a Selenis [atual Jupiter]" para ganhar posição na La Seda.
O ex-administrador confirmou ainda que a La Seda era "um pouco do regime catalão", ligado a figuras políticas locais, tal como tinha dito Manuel Matos Gil.
Jorge Tomé disse ainda que Imatosgil, empresa de Manuel Matos Gil, controlava a Selenis de forma direta e indireta, contradizendo as palavras do empresário na comissão parlamentar de inquérito.
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