Assim, “Isabel dos Santos tomou a decisão de saída da estrutura acionista do EuroBic”, lê-se na mesma nota, que justifica esta medida como estando no contexto “das diligências que têm vindo a ser promovidas pelo Conselho de Administração do EuroBic, com vista a salvaguardar a confiança na instituição”.
Neste âmbito, “a operação de alienação da sua participação foi já iniciada, a qual, face à existência de interessados, tem assegurada a sua concretização a muito breve prazo, sujeita, nos termos da lei, à prévia autorização das autoridades competentes”.
A instituição avança ainda que, “uma vez que tal decisão de saída é definitiva e irá concretizar-se o mais brevemente possível, a acionista renunciou desde já e em definitivo ao exercício dos seus direitos de voto”.
Além disso, “os administradores não executivos que exercem funções na estrutura de gestão do universo da Eng.ª Isabel dos Santos apresentaram a renúncia aos seus cargos no EuroBic com efeitos imediatos”, tendo o bando dado “conhecimento prévio ao Banco de Portugal” destas decisões.
Através de empresas a si ligadas, Isabel dos Santos era até agora acionista de 42,5% do EuroBic, detendo a maior 'fatia' entre os detentores de participações sociais do banco fundado em 2008.
No dia 20 de janeiro, a instituição liderada por Teixeira dos Santos anunciou que tinha decidido "encerrar a relação comercial com entidades controladas pelo universo da acionista Eng.ª Isabel dos Santos e pessoas estreitamente relacionadas com a mesma", podia ler-se num comunicado divulgado pelo banco nesse dia.
A entidade tomou a decisão "na sequência dos eventos mediáticos suscitados pela divulgação de informações reservadas relativas à Eng.ª Isabel dos Santos – apresentadas internacionalmente como Luanda Leaks".
O EuroBic indicou ainda "a perceção pública de que este banco possa não cumprir integralmente as suas obrigações pelo facto de a Eng.ª Isabel dos Santos ser um dos seus acionistas de referência" como motivo para o corte de relações comerciais.
O banco adiantou também nesse dia que "os pagamentos ordenados pela cliente Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) à Matter Business Solutions respeitaram os procedimentos legais e regulamentares formalmente aplicáveis" no que concerne à prevenção de branqueamento de capitais.
De acordo com uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), a Matter Business Solutions recebeu, no Dubai, cerca de 100 milhões de dólares por serviços de consultoria da Sonangol em menos de 24 horas, via EuroBic, em Lisboa, já depois de a empresária Isabel dos Santos ter sido exonerada do cargo de presidente executiva da petrolífera angolana.
As informações recolhidas pela investigação do ICIJ revelam ainda que a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.
Comentários