Isabel dos Santos falou desta intenção numa entrevista no Egipto, onde está a participar numa conferência numa estância balnear do país, tendo detalhado que a venda deverá ser de 25% do capital do BFA através de uma oferta de ações (IPO – Initial Public Offering, em inglês) a ocorrer em bolsa já no primeiro trimestre de 2018.
O BFA é desde início do ano controlado pela Unitel, a maior operadora de telecomunicações de Angola, onde Isabel dos Santos tem 25% do capital.
Até janeiro deste ano, o BFA (fundado pelo BPI em Angola na década de 1990) era controlado pelo BPI. Cumprindo a exigência do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir a operação em Angola, o BPI vendeu 2% da sua participação à Unitel (por 28 milhões de euros), ficando com 48,1% da BFA e a Unitel com 51,9%.
Atualmente, o BPI é controlado pelo grupo espanhol CaixaBank (em mais de 80%), após a Oferta Pública de Aquisição (OPA) concluída em fevereiro. Na operação, a ‘holding’ angolana Santoro, de Isabel dos Santos, vendeu a participação de 18% que tinha no BPI por 300 milhões de euros.
A operação de venda de ações do BFA poderá ter lugar em Lisboa ou Londres, afirmou hoje Isabel dos Santos, acrescentando que já foram contratados vários assessores financeiros para ajudar no negócio.
Ainda no negócio bancário, Isabel dos Santos indicou que também quer novos investidores para o angolano BIC, em que é acionista com 43% do capital, mas que o pretende conseguir através de colocações privadas de ações. O investidor que procura deverá ter experiência no setor.
“Creio que chegou a hora de abrir o capital [destes bancos] e receber novos acionistas “, disse a filha do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Sobre a sua saída em novembro da petrolífera Sonangol, considerou “normal” tendo em conta a alteração de liderança de Angola — João Lourenço sucedeu a José Eduardo dos Santos como presidente do país — e sublinhou os resultados alcançados pela sua equipa de gestão durante os 17 meses em que foi presidente da empresa pública.
Isabel dos Santos disse ainda que a sua saída da Sonangol não afetará o investimento na petrolífera portuguesa Galp, onde detém uma participação indireta através de uma ‘holding’ participada pelos herdeiros de Américo Amorim, a petrolífera Sonangol e a própria Isabel dos Santos.
A empresária angolana disse ainda que planeia manter o seu investimento na operadora portuguesa de telecomunicações Nos.
Isabel dos Santos é considerada a mulher mais rica de África, com uma fortuna estimada em 3,4 mil milhões de dólares.
A filha mais velha do homem que governou Angola durante 38 anos, José Eduardo dos Santos, saiu em novembro da petrolífera angolana Sonangol, mas mantém participações na banca (Banco de Fomento Angola, BIC Angola e EuroBic em Portugal), na sociedade de cimentos angolana Cimangola, nas telecomunicações em Angola (Unitel) e em Portugal (Nos) e no ramo petrolífero em Portugal (Galp).
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