“Os dados quantitativos disponíveis relativos ao terceiro trimestre apontam para uma substancial recuperação da atividade face ao segundo trimestre. Globalmente, estima-se que a variação homóloga do PIB no terceiro trimestre se venha a situar entre -8% e -6%, intervalo a que corresponde um crescimento entre 10,4% e 12,8% em relação ao segundo trimestre”, refere o ISEG.
Segundo a instituição, “tendencialmente, na ausência de agravamentos substanciais na frente sanitária, a economia deverá continuar a recuperar em cadeia nos próximos trimestres, mas a ritmos mais moderados, e com variações homólogas negativas até ao primeiro trimestre de 2021”.
Na síntese hoje divulgada, o ISEG reporta que, durante o terceiro trimestre, “os níveis de confiança continuaram a recuperar face aos mínimos de abril ou maio, sobretudo nos setores empresariais”.
Já “entre os consumidores a recuperação da confiança tem sido mais lenta”, sendo que “a recuperação dos indicadores de confiança também tem sido mais lenta do que a registada na área euro”.
“Depois dos mínimos atingidos em abril, por força do fecho de vastas áreas da atividade económica, a economia tem vindo a recuperar à medida que a economia foi reabrindo. Entretanto, muito mudou em termos de procura global e de oferta e continuam a verificar-se vários condicionamentos. Assim, depois de um período inicial de descompressão, o ritmo da recuperação tenderá a abrandar”, prevê.
Relativamente à evolução da economia no terceiro trimestre, o ISEG refere que os dados disponíveis até à passada quinta-feira, “mesmo sendo incompletos, mostram a atividade a subir em relação ao registado no segundo trimestre”, destacando “entre os aspetos mais positivos a forte recuperação da produção industrial, do volume de negócios no comércio retalhista e, menos pronunciadamente, do volume de negócios dos serviços”.
“Contudo – ressalva - os crescimentos homólogos nestes setores continuaram negativos no terceiro trimestre”
Quanto ao setor da construção, “a avaliar pelo indicador do consumo de cimento, deverá ter continuado a crescer, mas num ritmo inferior ao do segundo trimestre”.
Em termos de grandes agregados da procura interna, o ISEG estima que o consumo privado “tenha tido uma queda bastante menor no terceiro trimestre do que a registada no segundo trimestre (-14,5%), sendo mais incerta a evolução do investimento e do consumo público”.
Já no domínio da procura externa líquida, considera que “deverá ter continuado a dar um contributo negativo devido à quebra das exportações turísticas”.
Relativamente às estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) de que, no segundo trimestre de 2020, o PIB português tenha decrescido 16,3% em volume em termos homólogos e 13,9% face ao trimestre anterior, o ISEG considera que era uma “queda esperada, dada a conjuntura sanitária interna e externa e as medidas assumidas para a controlar”.
“A queda registada situa Portugal entre o grupo dos países mais afetados da União Europeia, o que, em geral, ocorreu nos países em que a procura turística externa tem um peso importante no PIB. Com este resultado, a queda homóloga do PIB no conjunto do primeiro semestre cifra-se em 9,4%”, refere.
De acordo com o ISEG, a queda registada nos dois últimos trimestres “caraterizou-se por contrações tanto da Procura Interna (PI) quanto da Procura Externa Líquida (PEL)”, uma “simultaneidade [que] não ocorreu no período recessivo de 2011-2013, porque nesse caso a queda na PI originou menos importações e foi acompanhada de mais exportações para países em crescimento económico”.
“Na situação atual a queda da PI foi acompanhada por forte queda da procura externa de serviços turísticos que supera a queda das importações e tornam a variação da PEL igualmente negativa. Esta situação é uma consequência da simultaneidade europeia e mundial da crise, das restrições impostas às deslocações internacionais nos diversos países e da mudança de atitude dos consumidores turísticos internacionais na atual situação sanitária”, explica.
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