A S&P decidiu esta sexta-feira rever em alta o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa de 'BB+', a nota mais elevada de não investimento, para 'BBB-', a mais baixa de investimento, dispensando o passo intermédio habitual de subir a perspetiva, de 'estável' para 'positiva' antes de o fazer.
"A revisão em alta reflete a melhoria das previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português entre 2017 e 2020, bem como o progresso sólido que o país fez em diminuir o défice orçamental e um menor risco de uma deterioração nas condições de financiamento externas", afirma a agência de notação numa nota divulgada esta sexta-feira.
A nova notação de investimento atribuída a Portugal por uma das três maiores agências de 'rating' traz consigo também uma perspetiva 'estável', o que significa que S&P considera que as condições económicas não se devem alterar, nem levar a mudanças na nota.
Entre os argumentos da S&P para rever o 'rating' está o crescimento económico por quatro anos consecutivos e a perspetiva de que a economia portuguesa cresça 2,2% em média até 2020: 2,8% este ano e 2,3% em 2018.
"Esperamos que o comportamento económico continue a ser generalizado, com contributos positivos de todos os setores", afirmam os analistas da agência, antecipando um aumento no investimento público, devido às eleições autárquicas deste mês e ao novo período de fundos europeus.
A agência destaca também o foco do Governo em "fortalecer o sistema bancário português e a consolidação orçamental", recordando que o executivo socialista "cumpriu o seu objetivo orçamental ambicioso" de 2016 e "parece que o vai fazer novamente este ano, apoiado pela aceleração do crescimento económico e incluindo o impacto positivo do mercado de trabalho no balanço da Segurança Social".
Em resultado de uma consolidação orçamental contínua, que a S&P espera que o Governo mantenha, a dívida pública líquida "deverá diminuir" até 2020, antecipa.
Entre outros aspetos positivos destacados está a queda da taxa de desemprego, que a agência de notação financeira acredita "advir parcialmente das reformas no mercado de trabalho tomadas pelo anterior Governo" PSD/CDS-PP, durante o programa de ajustamento.
A S&P acredita que o Governo liderado por António Costa não deverá reverter essas medidas, ao contrário do que aconteceu com o regresso às 35 horas, uma medida com a qual a agência concorda, pelo "impacto posítivo" no salário disponível.
A empresa recusa, por outro lado, que o aumento no salário mínimo tenha enfraquecido a competitividade, embora admita que o envelhecimento, a emigração e uma diminuição na força de trabalho aumentem esse desafio.
Por fim, e embora admita que o 'Quantitative Easing' do Banco Central Europeu (BCE) tenha ajudado a reduzir os custos de financiamento do Estado e das empresas, a S&P acredita que uma redução nos estímulos da instuição tem um "risco reduzido" para Portugal.
Comentários