Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Mota Engil informa assim “no seguimento do comunicado publicado ao início da manhã de hoje, que a contraparte do acordo de parceria estratégica e investimento em fase final de negociações é a China Communications Construction Company, Ltd. (CCCC)”.
Em dezembro foi noticiado que a CCCC estava a avaliar a compra de 30% da Mota-Engil, com o objetivo de expandir internacionalmente o seu negócio, e agora as negociações estão na "fase final".
A Mota Engil é parceira da CCCC na construção da infraestrutura ferroviária Tren Maya, no México, naquele que é "o maior contrato de sempre na América Latina".
A Mota-Engil anunciou hoje que no âmbito do acordo em perspetiva, “a Mota Gestão e Participações, SGPS, SA, acionista dominante da Mota-Engil, aceitou vender uma participação relevante no capital social da sociedade a um preço que reflete uma valorização que está muito acima do preço atual de mercado”.
Na informação é também sublinhado que, se o acordo for concluído com sucesso - o que poderá ser em breve – e assumindo que as autorizações do regulador e várias condições precedentes serão cumpridas, o novo parceiro estabelecerá um acordo de parceria e investimento com o grupo para desenvolver “um conjunto de atividades comerciais”.
De acordo com o grupo, a CCCC deverá comprometer-se a subscrever uma participação relevante num aumento de capital social de até 100 milhões de novas ações que será submetido em breve a deliberação em Assembleia Geral.
“Após este aumento do capital social, será imputável à MGP [Mota Gestão e Participações] uma participação de cerca de 40% do capital social da Mota-Engil, sinal de total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo, e o novo acionista atingirá uma participação ligeiramente superior a 30%”, é destacado.
Segundo a Mota-Engil, esta nova estrutura acionista e o quadro desta parceria, que se baseia na avaliação do grupo de cerca de 750 milhões de euros, irá reforçar as capacidades financeiras, técnicas e comerciais do grupo, a fim de aumentar as suas atividades em todos os mercados e abrir novas oportunidades para novos desenvolvimentos.
Ano de prejuízo contrasta com 2019 de lucros
A Mota-Engil fechou o primeiro semestre deste ano com um prejuízo de 5,04 milhões de euros, valor que compara com 8,13 milhões de euros de euros no período homólogo, foi hoje anunciado.
Em comunicado à imprensa, o prejuízo de cinco milhões de euros é justificado com "o registo de 16 milhões de euros contabilizados como provisões e perdas de imparidade de modo a acautelar os efeitos negativos provocados pela pandemia Covid-19".
No comunicado à CMVM, a Mota-Engil informa que "a atividade do grupo no primeiro semestre de 2020 não ficou alheia aos impactos provocados pela pandemia [de Covid-19], tendo essencialmente o negócio de Engenharia e Construção (E&C) sido o mais atingido fruto das interrupções/paragens de produção, ora provocadas pelas medidas restritivas de saúde pública implementadas nos diversos países onde o grupo opera, ora provocadas pelas dificuldades logísticas em movimentar pessoas, equipamentos e mercadorias".
O maior impacto da pandemia foi nos mercados africanos e de forma ainda mais marcante na América Latina, refere o grupo.
Nos primeiros seis meses do ano, o volume de negócios do grupo caiu 14%, para os 1,2 mil milhões de euros, sendo o impacto da Covid-19 contabilizado em 280 milhões de euros, refere em comunicado.
Já o EBITDA (lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) recuou para 144 milhões de euros no mesmo período.
O grupo refere ter uma carteira de encomendas recorde de 5,5 mil milhões de euros.
"Importa sublinhar o valor muito positivo de adjudicações durante o período, o qual representou cerca de 1.300 milhões de euros ao longo do primeiro semestre de 2020, o que permitiu que o grupo registe o maior valor de sempre da sua carteira de encomendas, no valor de 5.491 milhões de euros (760 milhões na área do Ambiente)", adianta.
O grupo destaca a adjudicação do contrato no México referente ao Tren Maya, o maior contrato de sempre atribuído à Mota-Engil na região da América Latina, assim como outros contratos em Angola, Moçambique, Polónia e Colômbia.
No primeiro semestre o investimento (CAPEX) atingiu os 94 milhões de euros (-13 milhões de euros face ao período homólogo), sendo 65% dirigido a investimentos de crescimento e em contratos de médio e longo prazo, com 31 milhões de euros no segmento de Ambiente (nomeadamente na EGF, com 26 milhões de euros, onde está a ser concretizado o Plano de Investimentos aprovado para o período 2019-2021) assim como nos contratos de Mineração em África.
A dívida líquida aumentou 34 milhões de euros face a dezembro último, para 1.248 milhões de euros, facto que é justificado pelo "investimento realizado no período e que pretende de futuro gerar um aumento nos próximos anos do 'cash-flow' operacional a gerar com os novos contratos em áreas fora do negócio da construção".
Mota-Engil na bolsa
A bolsa de Lisboa seguia a negociar no vermelho, depois de ter iniciado a sessão em ligeira alta, com a Galp a pressionar as negociações e a Mota-Engil a evitar maiores perdas.
Na quarta-feira, o índice de referência, o PSI20, encerrou a sessão a subir 0,20% para 4.390,65 pontos, alinhada com as principais praças europeias.
Hoje, pelas 09:15, as ações do PSI20 seguiam a recuar 0,52% para 4.368,03 pontos, com 15 ações em baixa e três em alta.
A Mota Engil, que divulgou hoje antes da abertura dos mercados que fechou o primeiro semestre deste ano com um prejuízo de 5,04 milhões de euros (lucrando 8,13 milhões no período homólogo), seguia a ganhar 10,77% para 1,60 euros.
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