Se tem sentido que é cada vez mais difícil fazer uma viagem através de um serviço de transporte de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE), não é só impressão sua. Ao Jornal de Notícias, o porta-voz do Sindicato de Motoristas de TVDE confirmou que há cada vez mais motoristas a abandonar esta atividade.
"Antes da covid havia um carro em cada esquina e sempre à porta do cliente. Por causa do confinamento e da falta de procura, houve muitas desistências de motoristas e falências de empresas parceiras. Isso gerou um défice do lado da oferta", afirma António Fernandes.
Com a revisão da lei que regula esta atividade a ocorrer apenas depois de ser constituída uma nova Assembleia da República, a previsão é de que os motoristas continuem a sair e que os preços continuem a aumentar.
As razões para esta saída, adianta Fernando Fidalgo, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Urbanos de Portugal, prendem-se com a dificuldade em "suportar os custos com combustíveis e com a manutenção", sendo que "dos cerca de 30 mil motoristas com certificado, a maior parte deles teve de procurar alternativas". Outro dos problemas prende-se com as baixas comissões para os profissionais, já que as plataformas retêm 20% a 25% do preço da viagem, fora os custos da deslocação.
Em média, é preciso esperar cerca de cinco minutos para conseguir uma viagem, e os preços aumentaram, especialmente em hora de ponta. Esta clivagem acentuou-se depois da Páscoa deste ano.
A agravar esta situação está a implementação cada vez mais frequente de tarifas dinâmicas — mais comuns nas noites de quinta, sexta-feira e sábado —, sendo aplicadas para responder ao pico de procura, chegando até a duplicar o preço da viagem em relação ao valor normal.
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