![O que é a deflação e porque é que a China saiu dela no Ano Novo lunar?](/assets/img/blank.png)
O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 0,5%, em janeiro, em relação ao período homólogo, informou no domingo o Gabinete Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês) do país asiático. Em dezembro, a inflação fixou-se em 0,1%.
O aumento temporário do consumo durante a pausa de oito dias mascarou brevemente a dimensão do desafio deflacionista que a segunda maior economia do mundo enfrenta. O preço dos serviços aumentou 0,9%, representando mais de 50% do aumento total do IPC, de acordo com o NBS.
A deflação nas fábricas da China prolongou-se pelo 28º mês consecutivo, com um declínio de 2,3%, mantendo-se estável, face à contração do índice em dezembro.
A deflação é a queda generalizada e sustentada dos preços de bens e serviços numa economia ao longo do tempo. É o oposto da inflação.
Embora possa parecer benéfica à primeira vista (porque os preços diminuem), a deflação pode ser prejudicial para a economia. Quando os preços caem continuamente, os consumidores e as empresas tendem a adiar compras e investimentos, esperando que os preços baixem ainda mais. Isso reduz a procura, leva a cortes na produção, ao aumento do desemprego e pode até causar uma recessão. Além disso, torna mais difícil o pagamento de dívidas, pois o valor real das obrigações financeiras aumenta.
A deflação pode ser causada por vários fatores, como uma contração da oferta de moeda, uma queda na procura agregada ou avanços tecnológicos que tornam a produção mais eficiente. Um dos exemplos históricos mais conhecidos de deflação ocorreu durante a Grande Depressão da década de 1930.
A data dos feriados do Ano Novo Lunar — entre 28 de janeiro e 4 de fevereiro pode ter distorcido a comparação homóloga. Este período festivo, que segue o calendário lunar, calha em períodos diferentes todos os anos.
No ano passado foi celebrado na totalidade em fevereiro.
O consumo doméstico é cada vez mais crucial para a China, numa altura em que se intensifica a guerra comercial com os EUA. Os gastos das famílias chinesas poderiam compensar os efeitos do aumento das taxas alfandegárias impostas pelo novo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre bens oriundos do país asiático.
O Governo chinês avançou já com planos para aumentar a despesa pública e reduzir as taxas de juro. Com a riqueza das famílias sob pressão devido a uma prolongada crise no setor imobiliário, o aumento do consumo foi elevado a principal prioridade dos esforços económicos deste ano.
A persistência de pressões deflacionistas na China contrasta fortemente com outras grandes economias. O receio de Pequim é que um ciclo enraizado de descida dos preços possa refrear as despesas das famílias durante mais tempo e prejudicar de tal forma as receitas das empresas que asfixie o investimento e conduza a novos cortes salariais e despedimentos.
*Com Lusa
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