“Ontem [quinta-feira] tivemos a oportunidade de responder com um programa muito ambicioso de apoio às empresas — cerca de 10 mil milhões de euros, 3% do PIB, muito maior do que o que Espanha tinha apresentado há uns dias — “e esse pacote de medidas “estará operacional dentro de algumas semanas”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

Na chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o governante apontou que estão em causa “cerca de 10 mil milhões de euros que empréstimos, linhas de seguros e fundos europeus” que permitirá “responder de forma firme” à incerteza comercial relacionada com as decisões da administração norte-americana.

Para estar operacional, “falta sobretudo, por um lado, o diálogo com a Comissão Europeia e verificar qual é o resultado final das decisões sobre tarifas e depois, obviamente, a operacionalização mais administrativa”, especificou Joaquim Miranda Sarmento, assegurando que “rapidamente estes apoios chegarão às empresas portuguesas”.

Segundo o ministro, este “foi um trabalho feito em colaboração com as associações empresariais e responsável, pensado e preparado ao longo do tempo e não uma resposta rápida e imediata, sem ponderação que alguns exigiram logo”.

Saudando a pausa de 90 dias anunciada pelos Estados Unidos nas novas tarifas recíprocas à UE, passo que foi também depois dado pelo bloco comunitário, Joaquim Miranda Sarmento adiantou que “agora é o momento de encontrar pontos comuns e de manter unido o maior bloco comercial que existe no mundo”.

E, apesar dos eventuais impactos na economia portuguesa, que ainda estão a ser calculados, a zona euro tem um quadro orçamental “estável”, garantiu ainda, tal como havia feito minutos antes o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, que salientou a estabilidade da área da moeda única.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem hoje o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pela UE.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo — dos ministros do euro — acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

Esta suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial na UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal.

Bruxelas quer, neste período de pausa de 90 dias, conseguir negociar com Washington, após ter já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.