“Decidimos que os créditos ficarão connosco, ou seja, não serão daqueles que iremos vender, mesmo que nos dessem o seu preço de mercado”, disse Paulo Macedo numa audição da comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Referindo-se aos 25 créditos identificados pela auditoria da EY como os mais problemáticos para o banco público, que classificou de “emblemáticos”, o presidente executivo da instituição disse que “devem tentar ser recuperados pela Caixa”.
“A Caixa está determinada a não desistir e a recuperar dinheiro e valores que haja mesmo em situações muito difíceis”, disse.
O presidente executivo do banco público referiu que há créditos que têm colaterais envolvidos, ou avalistas, que podem ser executados. Noutros casos, disse, será mais difícil, já que “quer sócios quer as empresas estão totalmente insolventes, ou melhor, declaram-se”.
Paulo Macedo revelou ainda que há uma “análise periódica” a cada três meses dos 50 maiores créditos em incumprimento, e que “alguns” desses créditos “são comuns a outros bancos”.
As perdas deste tipo de operações incluídas no ‘top 25′ que a auditora compilou, como sendo as mais problemáticas, “totalizaram 238 milhões de euros, o que corresponde a 13,5% das perdas totais da amostra”.
Nessa auditoria, a EY avaliou sete operações de crédito com risco grave ou elevado e, só nestas, estimou perdas de mais de 1.000 milhões de euros, estando à cabeça as operações de financiamento da fábrica da La Seda, em Sines.
Ainda entre as operações com perdas elevadas estão empréstimos à Investifino (de Manuel Fino), para compra de ações da Cimpor dando como garantia ações do BCP e da Cimpor, Fundação Berardo, Auto-Estradas Douro Litoral e Vale do Lobo Resort.
A CGD reduziu o crédito malparado em 2,7 mil milhões de euros em 2018, para o que contribuíram significativamente as vendas de carteira de crédito malparado, seguindo uma prática que foi comum nos outros grandes bancos o ano passado.
Ainda sobre a concessão de créditos, segundo Paulo Macedo o processo é atualmente muito mais exigente e menos sujeito a risco do que era no passado.
Hoje, disse, a decisão de dar empréstimos não pertence à área comercial, mas à direção de crédito, acompanhada da direção de risco. “A comissão executiva não decide sobre créditos”, afirmou.
Macedo explicou ainda que para créditos acima de 300 milhões de euros a operação vai ao comité de riscos financeiros e que depois esse crédito tem de ser votado em Conselho de Administração.
Disse ainda que, nos últimos anos, o crédito concedido pelo CGD foi alvo de sucessivas inspeções.
Sobre outros procedimentos que segundo Macedo tornam a CGD mais exigente hoje, indicou que o banco tem em permanência uma equipa do BCE a supervisionar, que os administradores não executivos (incluindo estrangeiros) estão muito mais presentes e ativos na vida do banco, integrando mesmo comissões especializadas, que as atas das reuniões da comissão executiva são hoje exaustivas e que a CGD tem de avaliar constantemente as suas deficiências e dar delas conta ao Banco de Portugal e ao BCE.
“O risco da Caixa hoje é menor do que era. Não só a Caixa hoje tem maior capital como tem maior capital com menos riscos”, afirmou.
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