“A Fitch Ratings espera apenas um crescimento modesto do total de prémios de seguro (receitas) para cerca de 12 mil milhões de euros em 2024, principalmente devido a ajustamentos de preços relacionados com a inflação”, diz a agência.
A agência assinala que fatores como resultados técnicos estáveis, baixo número de incidentes, investimento positivo e o impacto da taxa de inflação sobre os custos deverão traduzir-se em operações lucrativas para o setor segurador em 2024.
Os riscos macroeconómicos, os riscos de crédito e de mercado relacionados com as carteiras de investimento são os principais desafios para o setor dos seguros em Portugal este ano, acrescenta a Fitch, que, no entanto, regista que este, por estar “fortemente capitalizado”, apresenta “uma forte capacidade de absorver perdas se estes riscos se materializarem”.
Além de uma “modesta expansão do PIB”, que está prevista em 1,8%, a Fitch aponta como principais desafios económicos a erosão do poder de compra e uma baixa capacidade de poupança.
“É provável que esta situação reduza a procura e as vendas de produtos-chave, incluindo seguros de veículos e de imóveis, bem como de apólices orientadas para a poupança e o investimento”, acrescenta.
A Fitch assinala que o ramo não-vida tem sido resiliente a choques externos, como a fragilidade económica durante a pandemia da covid-19 e a consequente subida na inflação e que as empresas do ramo têm vindo a melhorar desde 2021 — mesmo com as despesas de sinistros a excederem os valores pré-pandemia.
Nesse sentido, a agência antecipa que o aumento dos preços possa compensar a maior frequência e a gravidade dos sinistros.
No campo da saúde, a Fitch espera “que a saúde privada continue a ser uma área de crescimento do mercado segurador português em 2024, impulsionada pelos crescentes desafios” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Esperamos que os aumentos de preços permitam às seguradoras de saúde manterem-se rentáveis em 2024, apesar do provável aumento adicional das despesas com sinistros”, refere a Fitch, que prevê que as margens de lucro neste segmento continuem “a ser mais fracas do que as do mercado em geral”.
Quanto aos resultados entre acidentes de trabalho, estes deverão manter-se estáveis “graças às indexações de preços, enquanto os prémios poderão crescer dinamicamente, apoiados pelas indexações e por um ambiente económico estável em Portugal”.
As seguradoras do ramo vida com foco em produtos tradicionais garantidos deverão continuar a beneficiar das elevadas taxas de juro, “uma vez que a sua rentabilidade está estreitamente relacionada com o desempenho dos investimentos”.
O setor segurador português deverá manter-se estável, até pela robustez da sua solvência, refere a Fitch, que remete para o rácio de solvabilidade de 200%, que “proporciona uma ampla margem para absorver os riscos de mercado e de crédito ao nível do setor em situações de ‘stress'”.
Comentários