O fundador e diretor executivo desta ‘startup’, Fábio Jesuíno, disse à Lusa que, desde a apresentação oficial do projeto, em 11 de fevereiro, a plataforma já recebeu “mais de 3.000 visitas de países como os Estados Unidos, Canadá, Polónia ou Inglaterra”, com cerca de uma dezena a manifestar vontade de se instalar no interior daquele concelho.
O criador da Rural Digital Nomads, criada em 2021 para promover esta oferta, contou que nasceu num território da serra de Loulé, no distrito de Faro, e que o projeto “surgiu para resolver um problema” que sempre o preocupou, que é a necessidade de “atrair pessoas para o interior” e “trabalhar em prol” do desenvolvimento deste território.
“Existem muitas comunidades nómadas digitais em Portugal no litoral e muito poucas no interior e o projeto vem colmatar essa lacuna, ou seja, nós pretendemos criar comunidades nómadas digitais no interior de forma a resolver essa lacuna que existe e a atrair pessoas para o interior”, afirmou Fábio Jesuíno.
A plataforma inclui informações úteis sobre o território de destino, que incluiu as freguesias Alte, Ameixial, Salir e a União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, mas o objetivo de Fábio Jesuíno é alargar depois o projeto a “outras zonas do país”, complementando a oferta que já existe atualmente em áreas do litoral.
“O nosso principal objetivo é divulgar as potencialidades do interior do concelho de Loulé”, afirmou, frisando que, através da plataforma, são disponibilizados “conteúdos sobre região”, sobre “o que lá se passa”, sobre “os eventos que acontecem”, mas também “informação sobre as localidades, os sítios turísticos e o que de melhor se faz” na zona.
Há também “um diretório com informações sobre restaurantes, hotéis”, e os nómadas digitais podem “entrar na plataforma, fazer um registo gratuito e depois ter acesso à comunidade”.
“O gestor de comunidade ajuda em toda essa tarefa de se deslocar para o concelho de Loulé”, acrescentou Fábio Jesuíno, adiantando que outro dos objetivos é colocar os nómadas digitais a “interagir com a comunidade local, através da participação em eventos ou festas que existem localmente”.
A mesma fonte realçou que estes trabalhadores remotos costumam também estar “muito ligados às tecnologias” e “têm conhecimentos que podem partilhar com a comunidade local”, assim como “desenvolver alguns projetos que sejam inovadores dentro dessas comunidades”.
A plataforma Rural Digital Nomads foi criada no âmbito de um “processo de incubação” de empresas e ‘startups’ lançado pela QRER - Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade.
A plataforma apenas foi apoiada no processo de incubação e a promoção, que foi feita tanto na WebSummit de 2022, em Lisboa, como em Amesterdão, nos Países Baixos, está a ser feita “com fundos próprios”, embora o projeto conte também com o apoio da Câmara de Loulé, assinalou.
“O impacto está a ser muito positivo”, afirmou, considerando que as mais de 3.000 visitas à plataforma, desde países como o Canadá, a Estados Unidos, Polónia ou Inglaterra, estão a demonstrar que já há “muito interesse por parte das comunidades nómadas digitais” em procurar novas zonas para se instalarem.
Fábio Jesuíno considerou que a instalação de nómadas digitais “é uma grande tendência, está em crescimento” e há “cerca de 35 milhões de nómadas digitais em todo o mundo”, o que antecipa “perspetivas de um grande crescimento nos próximos anos”.
A mesma fonte considerou que em causa estão “turistas que ao mesmo tempo trabalham” e a plataforma quer também “convidar esses nómadas a interagir com a comunidade local”, mas também a partilhar “conhecimentos” que ajudem a “desenvolver alguns projetos que sejam inovadores” nesses territórios.
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