“Não temos muitas restruturações dos créditos, [mas] teremos muito mais se as taxas forem 3,75% ou 4%, aí teremos de negociar muito mais créditos”, afirmou Pedro Castro e Almeida, na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2022 (duplicação dos lucros face a 2021 para 606,7 milhões de euros).
No âmbito do novo Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI), o Santander Totta está para já a analisar dois mil casos que se enquadram no regime criado pelo Governo para forçar a renegociação dos créditos num contexto de altas taxas de juro, mas que não significa que todos serão reestruturados.
Para já, disse, os clientes em risco de incumprimento são “muito poucos” até pelo baixo desemprego e até porque quem está a sofrer mais com o agravamento do custo de vida são classes mais baixas e essas não têm tanto crédito à habitação.
Em geral “quem ganha menos de 1.000 euros em Portugal, essas pessoas não têm crédito à habitação”, afirmou.
O presidente do Santander Totta admitiu que quem contratou crédito à habitação há menos anos sente um “impacto relevante” do aumento das taxas de juro na prestação do crédito à habitação, mas também considerou que na classe média e média alta há pessoas com dificuldades financeiras, “mas não passam fome”.
Aliás, disse, assistem-se ainda a “padrões de consumo elevados, a jantarem fora à sexta-feira à noite”.
Em 2022, segundo os responsáveis, o Santander Totta praticamente não constituiu novas imparidades. Contudo, admitiram que poderá ser diferente de futuro se a situação se agravar e lembraram que também a carteira de crédito está assente em provisões elevadas do passado.
O presidente do Santander Totta disse ainda que há uma “demonização em torno de os clientes estarem ‘marcados'” ou não, referindo que é normal que o banco tenha o critério de identificar internamente essas situações.
O que não pode acontecer, disse, ao abrigo da legislação, é os bancos sinalizarem esses clientes que reestruturem créditos na Central de Responsabilidade de Crédito (CRC) do Banco de Portugal.
Castro e Almeida considerou ainda que há “enorme assimetria” entre o que diz a associação de defesa do consumidor Deco e o que se passa nos bancos, referindo que aumentos de 400 euros no crédito à habitação são reais, mas minoritários e que a prestação média em Portugal é de 250 euros.
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