A Fábrica do Pão da Unicorn Factory Lisboa, o centro de Scaleups e Startups da cidade de Lisboa, recebeu este conjunto de conferências que fazem parte da missão da South Summit: aproximar Portugal e Espanha e contribuir para um ecossistema ibérico cada vez mais forte e colaborativo.
Nos painéis estiveram nomes como Joana Rafael, co-founder da Sensei, José Póvoa, diretor de Operações da Remote, Stephan Morais, da Indico Capital e Miguel Arias, da KFund. A presidente da South Summit, María Benjumea, também esteve presente, e o SAPO24 falou com a espanhola no fim do encontro aconselhando os portugueses a participar no próximo grande evento, a South Summit de 5 a 7 de junho em Madrid
O mote comum à discussão foi descobrir o que aproxima os investimentos neste setor entre Espanha e Portugal, com María Benjumea a assumir como mote no primeiro painel: "Nós somos ibéricos. Somos o mesmo".
Quando é que a South Summit virá para Portugal?
Eu adorava que pudéssemos vir para Portugal. Neste momento estamos focados em ser ibéricos e em trabalhar juntos. Vamos voltar no próximo ano para eventos como este e queremos que todos os portugueses venham a Madrid.
Em Madrid, neste momento conseguimos ter os números que queremos de pessoas para os nossos objetivos, que são conseguir contactos entre todos os intervenientes no ecossistema de Startups, porque queremos que seja possível fazer nestes espaços todo o tipo de negócios que as empresas necessitem. Para isso é necessário estar com todos os intervenientes: Investidores, serviços, etc.
Em Portugal acontece há vários anos o maior evento de startups do mundo, a Web Summit; e o governo e a Câmara de Lisboa estão a fazer um grande investimento neste ecossistema, destacando-se agora a Unicorn Factory Lisboa. O que nos falta?
Acho que estão a fazer um excelente trabalho no que diz respeito ao investimento em Startups. O mercado português é enorme e eu adoro-o. Está tudo por fazer neste mercado e isso é uma vantagem. A South Summit existe em Madrid, em Londres, na Colômbia, no México, na Argentina e agora no Brasil, e o que é fascinante nestes mercados é ver o que estão a construir nestes sítios. Este é o lugar para fazer negócios e é essencial poder conectar pessoas.
Quando se tem uma boa experiência neste tipo de eventos a possibilidade de fazer bons negócios é maior e o networking é essencial, é a chave do negócio.
Eu digo sempre sobre esta summit que isto não é uma conferência. A Web Summit é uma conferência, uma conferência gigante de tecnologia, aqui não queremos isso. Queremos que as pessoas partilhem o que estão a fazer e conversem uns com os outros.
Adorava poder estar em Lisboa e acho que estamos num país e numa cidade maravilhosa para o mercado das Startups.
Portugal é um país pequeno, mas com vários unicórnios. Por que razão isto acontece?
Eu admiro muito Portugal e sei que são um país pequeno com uma história fantástica de conquistadores, com imensos empreendedores talentosos e com uma percentagem de graduados muito superior a outros países. Um país não se mede pelo tamanho, são muitas outras coisas.
Uma vez conheci o vosso presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, e dei-lhe os parabéns pelo que os portugueses estão a fazer no ecossistema de Startups e ele disse-me que estavam muito felizes porque isto foi uma ideia dos portugueses do passado e estamos a trabalhar juntos por isto.
O nosso presidente é um bocadinho otimista...
Sim. Mas eu também! Eu adoro o otimismo. Se formos otimistas trabalhamos para as coisas serem feitas e é isso que nós estamos a fazer em Espanha e em Portugal. Todos os anos desde que a South Summit foi fundada, em 2012, temos crescido todos os anos. Nos primeiros dois anos foi mais complicado, mas a competição e a procura por talento são essenciais e 80% das Startups que participam nas nossas competições são estrangeiras. O otimismo vale a pena!
Por falar em políticos, estamos num momento crítico da política europeia, com as Eleições Europeias prestes a acontecer. Em Portugal e em Espanha o cenário político também se alterou recentemente. Como é que olha para o futuro com estas diferenças?
Eu acho que temos duas formas de ver as coisas. O ponto de vista da política e o ponto de vista da humanidade. Este é o melhor momento de sempre para a humanidade com a evolução tecnológica dos últimos anos, e quem move tudo isto são os seres humanos. Por isso não gosto de falar de política, temos de ver o outro lado das coisas. Na South Summit ninguém quer saber da situação política e económica, queremos saber das pessoas e da sua capacidade de conseguirem fazer o que querem.
Para mim uma Startup é uma cultura, é um espírito e, apesar dos últimos anos terem sido complicados depois da pandemia, as empresas prosperaram e transformaram os seus negócios de forma resiliente para sobreviver. Existem negócios que não conseguem sobreviver e falham, e nesse caso é melhor falhar depressa. Mas apesar das enormes dificuldades é necessário acreditar e continuar sempre. Quem tem uma Startup tem de ser otimista e ir em frente! Problemas existem, claro, dificuldades também, mas é continuar!
O que pode colocar Espanha e Portugal a trabalhar melhor juntos?
Nós já trabalhamos muito em conjunto. Temos muitas organizações de Startups em Portugal e depois somos iguais. Aqui sinto-me em casa. Somos o Sul da Europa. Acho que Portugal e Espanha serão melhores juntos e eu quero trabalhar cada vez mais com Portugal.
Existem duas coisas muito importantes hoje em dia. Uma é inovação e a outra é colaboração. Nós somos ibéricos. Juntos somos infalíveis nestas áreas.
Temos também uma cultura muito semelhante. Em Portugal fazemos sempre tudo em cima da hora. Como é em Espanha?
Claro que sim! Em Espanha dizemos que estamos sempre à beira do precipício e por isso podemos fazer tudo o que quisermos juntos.
Uma península para investir
Não ficaram de fora as grandes lições aprendidas nas scaleups, com o moderador Juan José Güemes, vice-presidente financeiro e presidente de Empreendedorismo do Centro de Inovação da IE University, Marta Palmeiro, cofundadora da Student Finance, José Salgado, cofundador e diretor de Crescimento do Bizay Group, Joana Rafael, cofundadora e COO da Sensei e Pedro Barros, General Manager de Contractors da Remote.
Aqui entre os temas discutidos falou-se sobre as vantagens do trabalho remoto, como a tecnologia pode ajudar este mercado de trabalho e como por vezes uma empresa andar mais devagar pode ter mais vantagens.
Além disso, foi tema a importância da geração IA, referida por José Salgado, e a importância do networking desenvolvido em eventos como a South Summit, além das vantagens das equipas pequenas. Joana Rafael falou ainda da necessidade de melhor utilização dos dados e como é importante ser um "data business".
No segundo painel foi uma discussão de 30 minutos com os principais investidores em estágio avançado que operam em Portugal e Espanha, com a moderadora Lucía Hojman, chefe de Desenvolvimento de Negócios do BBVA Spark Espanha. Falaram Stephan Morais, general partner da Indico Capital, Marc Clemente Yeves, partner do K Fund, Philippe Teixeira da Mota, cofundador da Shapers, Pedro Ribeiro Santos, partner da Armilar, e Maximillian Rowoldt, gerente de investimentos da Cusp Capital.
Entre os temas discutidos estiveram a necessidade de se investir mais no sul da Europa e na diáspora, bem como a importância dos investimentos em tecnologia.
Além disso, tocou-se no aumento em investimentos durante a pandemia e que, entretanto, baixaram para metade.
O último painel juntou durante 30 minutos empresas que estão a formar parcerias com algumas das empresas de crescimento mais rápido da Europa, ajudando a obter novos produtos e serviços para o mercado.
A conversa foi moderada por Ricardo Marvão, CEO e cofundador da Beta-I e teve no painel Ana Simões, head de Inovação do Grupo Brisa, Frederico Bilelo Gonçalves, partner da EDP Ventures e Rui Patraquim, Head of Business Development da Mastercard Portugal.
Aqui foram discutidos temas como a importância da equipa de inovação deste tipo de empresas e de se aceitar o risco necessário.
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