O resultado definitivo da sessão indica que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 1,63%, o tecnológico Nasdaq recuou 1,60% e o alargado S&P500 baixou 1,65%.
O banco central dos EUA (Fed) elevou a sua taxa de juro de referência em 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual) e sinalizou que não tencionava fazer mais subida de taxas desta dimensão no curto prazo.
A taxa de juro de referência está agora no intervalo entre 4,75% e 5,00%. O crescimento dos preços, segundo o índice de preços no consumidor, foi de 6,00% em fevereiro, em termos anuais.
Ao mesmo tempo, o presidente da Fed, Jerome Powell, procurou tranquilizar o mundo financeiro quanto à recente crise no setor bancário, garantindo que o dinheiro dos depositantes norte-americanos estava “em segurança” e que o sistema bancário continuava sólido.
As recentes turbulências conduziram à falência de dois bancos regionais norte-americanos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, ao passo que, na Suíça, o Credit Suisse teve de ser adquirido em última instância e a preço baixo pelo concorrente UBS.
Na frente das taxas e da inflação, “o comunicado [da Fed] foi de tom ‘pomba'”, o que significa favorável a uma política monetária mais acomodatícia, mais suave, indicou Peter Cardillo, da Spartan Capital Securities. Mas Powell “também disse que era difícil prever uma recessão”, relativizou.
Este tom mais suave, saudado por um breve instante na bolsa, acabou por afundar Wall Street, com os analistas a entenderem que é uma forma de a Fed compensar o endurecimento das condições financeiras provocada pela crise bancária, apontou, por seu lado, Karl Haeling, do LBBW.
“As condições financeiras endureceram e provavelmente mais do que os indicadores tradicionais o mostram”, disse Powell. No comunicado do comité de mercado aberto da Fed (FOMC, na sigla em Inglês), onde se decide a política monetária, advertiu-se que a recente crise dos bancos era “suscetível (…) de pesar sobre a atividade económica”.
O presidente da Fed realçou também que a Fed estava “disposta a tirar as lições do episódio” bancário e avisou que seria necessária mais regulação e supervisão.
“Quando que se fala em mais regulação, as ações sofrem”, comentou Peter Cardillo.
Já o mercado obrigacionista acolheu bem o tom moderado da Fed, com os rendimentos das obrigações do Tesouro a 10 anos a baixarem para 3,44% dos 3,60% da véspera.
Entre os bancos cotados, o dia foi negro, com o First Republic a perder 15,47%, o Western Alliance Bancorporation quase 5% e o californiano PacWest 17,12%, depois de anunciar que os seus depósitos tinham diminuído em 20%.
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