No Orçamento do Estado para 2021, o Governo previa que a taxa de desemprego atingisse os 8,7% em 2020 e 8,2% em 2021.
De acordo com os dados divulgados hoje, a taxa de desemprego foi de 7,1% no quarto trimestre, menos 0,7 pontos percentuais face ao trimestre anterior e mais 0,4 pontos percentuais face ao período homólogo.
A taxa de subutilização do trabalho para o conjunto do ano de 2020 - indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego - foi estimada em 13,9%, 1,2 pontos percentuais acima da do ano anterior.
A população empregada, por sua vez, foi estimada em 4.814,1 mil pessoas, o que representa a redução de 99 mil empregos em relação ao ano anterior.
Já a população desempregada, 350,9 mil pessoas, aumentou 3,4% (11,4 mil) em relação àquele período.
A taxa de desemprego de jovens (15 a 24 anos) no conjunto do ano situou-se em 22,6%, 4,3 pontos percentuais acima do estimado para o ano anterior, enquanto a proporção de desempregados de longa duração foi estimada em 39,5%, menos 10,3 pontos percentuais do que em 2019, o que correspondeu ao decréscimo mais elevado da série de dados.
Dos jovens dos 15 aos 34 anos residentes em Portugal, 11,6% (255,2 mil) não tinham emprego nem estavam a estudar ou em formação, uma percentagem que aumentou 2,1 pontos percentuais (45,1 mil) em relação a 2019.
O INE destaca que nos três indicadores Europa 2020 – taxa de emprego dos 20 aos 64 anos, taxa de abandono precoce de educação e formação e taxa de escolaridade do ensino superior – observaram os seguintes valores: 74,7%, 8,9% e 39,6% (76,1%, 10,6% e 36,2% em 2019).
Assim, sinaliza, “o primeiro e o terceiro indicadores ficaram um pouco aquém das respetivas metas (75% ou mais e no mínimo 40%, respetivamente), enquanto o segundo superou a meta estabelecida (menos de 10%)”.
Em termos trimestrais, no último trimestre do ano, em que a taxa de desemprego alcançou os 7,1%, a população empregada - 4.859,5 mil pessoas - aumentou 1,2% (59,6 mil) por comparação com o trimestre anterior, mas diminuiu 1% (48,1 mil) em relação ao homólogo.
Simultaneamente, refere, a população empregada ausente do trabalho na semana de referência diminuiu 47,8% (396,1 mil) em relação ao trimestre anterior e aumentou 26,0% (89,4 mil) relativamente ao quarto trimestre de 2019.
De modo semelhante, refere, observou-se um acréscimo trimestral de 8,5% e uma redução homóloga de 6,6% do volume de horas efetivamente trabalhadas.
A transição do desemprego para o emprego (30,4%) foi o valor mais elevado da série iniciada em 2011, sinaliza.
A população desempregada, estimada em 373,2 mil pessoas, diminuiu 7,7% (30,9 mil) em relação ao trimestre anterior e aumentou 5,9% (20,8 mil) relativamente ao quarto trimestre de 2019.
A subutilização do trabalho em termos trimestrais abrangeu 750,3 mil pessoas, tendo diminuído 7,8% (63,4 mil) em relação ao trimestre anterior e aumentado 10,7% (72,3 mil) em relação ao homólogo.
Também a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 13,8%, diminuiu 1,1 pontos percentuais relativamente ao trimestre anterior e aumentou 1,3 pontos percentuais face ao ano anterior.
“Este aumento homólogo foi explicado, maioritariamente, pelo aumento do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuraram emprego”, indica.
A população inativa com 15 e mais anos, num total de 3.687,3 mil pessoas, diminuiu 0,4% (13,6 mil) relativamente ao trimestre anterior e aumentou 2,2% (78,7 mil) em relação ao trimestre homólogo.
Taxas de desemprego no Algarve, Madeira e Lisboa superam média nacional
As taxas de desemprego no Algarve, Madeira e Área Metropolitana de Lisboa superaram a média nacional para o conjunto de 2020, de 6,8%, tendo a região norte igualado este valor, segundo dados do INE.
De acordo com as Estatísticas do Emprego hoje publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, a taxa de desemprego da região Norte igualou a média nacional (6,8%), enquanto as taxas do Algarve (8,3%), da Região Autónoma da Madeira (7,9%) e da Área Metropolitana de Lisboa (7,7%) ficaram acima daquele limiar.
Abaixo da média ficaram as taxas das restantes regiões: a Região Autónoma dos Açores com 6,1%, o Alentejo com 5,9% e o Centro com 5,6%.
Em relação a 2019, segundo o INE, a taxa de desemprego aumentou em cinco regiões, tendo o maior acréscimo sido observado no Algarve (1,2 pontos percentuais), e diminuiu em duas regiões – Alentejo (1 ponto percentual) e Região Autónoma dos Açores (1,8 ponto percentual).
Em termos regionais, a taxa de desemprego foi superior à média nacional em quatro regiões do país: Região Autónoma da Madeira (10,7%), Algarve (9,9%), Área Metropolitana de Lisboa (7,7%) e Alentejo (7,4%).
No Norte (7%), Centro (5,8%) e Região Autónoma dos Açores (5,5%) as taxas de desemprego ficaram abaixo daquele valor, sinaliza o INE.
Em relação ao trimestre anterior, a taxa de desemprego aumentou em três regiões, com a maior subida a ser observada na Região Autónoma da Madeira (2,1 pontos percentuais), manteve-se inalterada na região Centro e diminuiu em três outras regiões, com destaque para o decréscimo na Área Metropolitana de Lisboa (1,8 pontos percentuais).
Comparando com o mesmo trimestre de 2019, a taxa de desemprego aumentou em cinco regiões e diminuiu em duas.
Os dois maiores acréscimos verificaram-se na Região Autónoma da Madeira (3,7 pontos percentuais) e no Algarve (3,1 pontos percentuais), enquanto os dois únicos decréscimos se observaram no Norte (0,1 pontos percentuais) e na Região Autónoma dos Açores (2,1 pontos percentuais).
O INE refere no destaque de hoje que desde meados de março de 2020 que têm vindo a ser adotadas medidas de salvaguarda da saúde pública relativas à pandemia covid-19 que afetaram o normal funcionamento do mercado de trabalho e, consequentemente, as Estatísticas do Emprego.
“À data, o impacto da pandemia, decorrente das restrições à mobilidade e disponibilidade dos apoios concedidos, continua a influenciar o comportamento do mercado de trabalho”, refere.
Taxa de desemprego na OCDE sobe para os 7,1% em 2020
A taxa de desemprego dos países que pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre os quais Portugal, estabilizou nos 6,9% em dezembro, alcançando os 7,1% em 2020, acima dos 5,4% do ano anterior.
Segundo os dados divulgados hoje, o desemprego manteve-se em dezembro no mesmo valor de novembro, fechando o último trimestre nos 6,9%.
Em termos anuais, o desemprego na OCDE alcançou os 7,1%, acima dos 5,4% registados em 2019.
Na zona euro, o desemprego de dezembro também se manteve nos 8,3%, fixando-se neste valor no quarto trimestre, enquanto no conjunto de 2020 subiu para 8%, face aos 7,6% registados um ano antes.
Portugal, com uma descida no desemprego no último mês do ano passado, faz parte do grupo de países identificados pela OCDE com as maiores quedas deste indicador, juntamente com a Bélgica, Lituânia e Eslovénia.
As maiores subidas, por sua vez, verificaram-se na Áustria, Finlândia, Itália e Luxemburgo.
Nos EUA, onde o número de pessoas identificadas em situação de desemprego temporal tem sido relativamente estável desde outubro, a taxa de desemprego fechou o ano nos 6,3%, o que significou uma subida, em termos médios anuais da taxa de desemprego em 2020 para os 8,1% (tinha sido 3,7% em 2019).
A taxa média apurada pela OCDE para o mês de dezembro está 1,7 pontos percentuais abaixo do nível de fevereiro de 2020, antes do início da crise pandémica mundial.
A OCDE alerta que estas estatísticas não identificam todo o desemprego provocado pela crise da covid-19, uma vez que algumas pessoas sem emprego podem contabilizar-se fora da população ativa, porque devido à pandemia não conseguiram procurar trabalho ativamente.
[Notícia atualizada às 13:14]
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