Alfredo Valente, diretor-geral da IAD (imobiliário ao domicílio), informou que “mais de 10% das transações” de 2018 naquela rede de consultores imobiliários independentes de agências foram “efetuadas entre comprador e vendedor estrangeiros”. Em 2017, esse valor pouco passava de 4%.
Num total de cerca de mil transações, 14% destas tiveram origem num cliente vendedor estrangeiro, enquanto em 2017 era percentagem era de 9%, disse.
O responsável lembrou que desde 2016 que “compradores estrangeiros têm vindo a investir fortemente em Portugal” e que há investimento a longo prazo e outros que, “tirando partido do nível de preços extremamente baixo a que se chegou durante o período de intervenção da ‘troika’, neste momento têm em mãos mais-valias muito interessantes a realizar”.
“Muitos, com facilidade, duplicarão os montantes investidos”, estimou o responsável, lembrando que estão nomeadamente em causa imóveis no centro de Lisboa e, como o “mercado começa a antecipar alguma correção de preços, é natural que esses imóveis regressem ao mercado nessa lógica de realização de mais-valias”.
Na IAD, em 2018, os investidores franceses foram responsáveis por mais de 20% das vendas, seguindo-se brasileiros e britânicos.
Os negócios envolvendo apenas estrangeiros já se registam há algum tempo, afirmou o líder da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa, exemplificando com o caso do Algarve.
O aumento das transações é justificado, segundo o presidente executivo (CEO), pela tendência de os estrangeiros promoverem os seus imóveis no seu país de origem.
“Por outro lado, os imóveis adquiridos por este segmento internacional têm um conjunto de requisitos muito valorizado por esta tipologia de clientes”, acrescentou.
Trata-se de uma tendência verificada em Lisboa e em outras regiões face ao “histórico de transações imobiliárias realizadas com estrangeiros e do aumento de proprietários de várias nacionalidades”.
“Neste momento e na rede Century 21 Portugal, as principais nacionalidades de clientes estrangeiros são a França, Brasil, Reino Unido e Bélgica. Os locais mais procurados são as tradicionais zonas de praia e os centros históricos de Lisboa, Porto e de outras cidades do país”, resumiu à Lusa.
Por seu lado, Paulo Morgado, administrador da ERA Portugal, cuja maioria dos clientes são portugueses, confirma o aumento, nos últimos anos, dos interessados internacionais em “investir em imobiliário ou para vender os seus imóveis”.
“Estima-se que, no total, os estrangeiros representem cerca de 8% da faturação total da rede ERA em 2018. Acreditamos que a tendência de compra por parte dos estrangeiros se mantenha em alta durante o corrente ano de 2019”, acrescentou à Lusa.
Além dos objetivos de viver ou passar férias, a escolha de investimento no setor imobiliário nacional permite uma “efetiva diversificação do risco e alcançar elevados retornos comparativamente com outros mercados mais maduros”.
As nacionalidades mais comuns nas transações da ERA, no ano passado, foram a francesa, britânica, brasileira, mas “os suecos e os holandeses destacam-se pela primeira vez”.
Lisboa, Porto e Algarve são as principais preferências, mas é uma “tendência crescente para os investidores internacionais adquirem imóveis fora dos grandes centros urbanos”.
Fonte oficial da Remax assinalou que em 2018 se acentuou a “importância do cidadão estrangeiro”, que representou quase 16% das transações, depois dos 13% dos últimos dois anos. “Ao nível da faturação, apesar do aumento, o valor ficou ainda aquém do de 2016”, informou.
Também nesta rede, os mais representados são cidadãos brasileiros, franceses e ingleses e os locais mais procurados são os concelhos de Lisboa, Cascais e Sintra.
“A nossa expectativa é que em 2019 este peso se mantenha relativamente elevado, que eventualmente aumente, não pela via nominal de maior número de cidadãos a transacionarem, mas pela relativa desaceleração do número de transações realizada por portugueses”, acrescentou a mesma fonte, que argumentou que o clima de segurança do “país e das gentes” é fundamental para este setor.
Comentários