“As exportações de equipamentos de proteção individual [EPI] para o combate à covid-19 foram avaliadas em cerca de 189 milhões de euros. Na ausência destes produtos, as exportações do setor teriam sido de 4.453 milhões de euros, ou seja, menos 761 milhões de euros, e a queda teria sido de quase 15% comparando com 2019″, refere a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) num comunicado divulgado hoje.
Apesar da ligeira recuperação em dezembro de 2020, em que a quebra homóloga foi de 3% (face aos -6,8% de novembro), o setor dos têxteis e vestuário encerrou o ano passado com uma diminuição acumulada de 11% das exportações, para 4.643 milhões de euros, menos 572 milhões de euros do que em 2019.
Numa análise por grandes categorias de produtos, verifica-se que em 2020 as exportações de matérias-primas têxteis caíram quase 10% e as exportações de vestuário caíram 17%, destacando-se como “a categoria de produtos mais afetada” e cuja queda teria sido de 18% se não fossem os EPI.
Já as exportações de têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados, entre os quais as máscaras têxteis, aumentaram 14,3%, mas teriam recuado 9% se excluídas as vendas de EPI.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) tratados pela ATP, a categoria de produtos onde se encontram as máscaras têxteis teve um crescimento de 641% e um acréscimo absoluto de 166 milhões de euros, tendo sido “a principal responsável pelo bom desempenho dos artigos têxteis confecionados”.
De acordo com a associação, as exportações do setor para destinos extracomunitários aumentaram 26% e para países comunitários caíram 19%.
Entre os destinos que registaram melhores desempenhos em termos absolutos contam-se a França (mais 34 milhões de euros), Dinamarca (mais seis milhões de euros) e Alemanha (mais 4,9 milhões de euros).
Já entre os destinos não comunitários, o destaque vai para a Austrália (mais 2,4 milhões de euros, +15%), Nicarágua (mais 2,3 milhões de euros, +67%) e Suíça (mais 1,8 milhões de euros, +3%).
“Para Espanha importámos menos 25% (menos 392 milhões de euros) e para Itália menos 13% (menos 43 milhões de euros), tendo sido estes os destinos que registaram maiores quebras”, nota a associação.
No que se refere às importações de têxteis e vestuário, registaram uma quebra de 14%, somando 3.812 milhões de euros.
No final de 2020, o saldo da balança comercial do setor era de 830 milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 122%.
Analisando mais em detalhe a evolução das várias categorias têxteis, a ATP aponta uma diminuição de 6% das exportações de fios, com os fios de lã a caírem 16% e os de fibras sintéticas ou artificiais a caírem 11%. Inversamente, as exportações de fios de algodão aumentaram 4%.
As exportações de tecidos diminuíram 15% (menos 87 milhões de euros), sendo os mais afetados (em termos absolutos) os de fibras sintéticas ou artificiais (-26%), os de malha (-11%) e os de lã (-36%).
No que respeita ao vestuário (que registou uma perda de 542 milhões de euros), o vestuário de malha exportou menos 291 milhões de euros (equivalente a uma quebra de 14%) e o vestuário em tecido exportou menos 252 milhões euros (-26%).
No vestuário em tecido, a associação destaca o confecionado com feltros ou falsos tecidos (como as batas cirúrgicas), que aumentou 294% (equivalente a mais 21 milhões de euros).
As exportações de têxteis para o lar caíram 9% (menos 59 milhões de euros), com as roupas de cama, mesa, toucador e cozinha a exportarem menos 29 milhões de euros (-6%), os tapetes a venderem menos 24% (equivalente a menos 20 milhões de euros) e os cobertores menos 19%.
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