"A moeda privada foi tentada no século XIX em muitos países, acabou sempre por não funcionar e gerou crises recorrentes", recordou Vítor Constâncio, que falava sobre a concorrência entre as moedas no sistema monetário internacional. "Não há verdadeiramente moeda sem o poder estatal por trás".
O ex-vice-presidente do BCE terminou a sua intervenção com uma provocação, uma citação de Robert Mundell que acaba com a frase "É tempo de a Europa acordar". Antes, lembrou os objectivos assumidos pela China, "uma moeda totalmente convertível em 2020. Apesar da má experiência em 2015 e da objecção dos Estados Unidos, faz parte do cabaz de moedas, tem um papel reduzido, com pouco significado prático, mas está lá. Resta saber se o yuan (CNY) vai contribuir para um sistema cambial mais estável ou, pelo contrário, para gerar maiores desequilíbrios".
João Duque, curador e moderador da conferência, este ano subordinada ao tema "Guerras Cambiais no Século XXI", antecipou a eventualidade de uma crise cambial provocada pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Para o painel de oradores, Fernando Rocha Andrade, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Valério, professor catedrático do ISEG, e Manuel Puerta da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF), há outros riscos.
"Itália poderá criar um abanão à Europa muito maior do que o Brexit", afirmou Nuno Valério. Manuel Puerta da Costa também não tem dúvidas sobre quem serão os vencedores: "O domínio será sempre do investimento e da poupança, é isso que determina o crescimento dos mercados e dos países". E, neste quadro, a Europa não tem ficado bem.
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