"As baixas taxas de juro a nível mundial também sinalizam que o tempo é certo para investir. As poupanças são muitas, o setor privado está em 'modo de espera', e muitas pessoas estão desempregadas e disponíveis para trabalhar em empregos criados pelo investimento público", pode ler-se num artigo assinado pelos economistas Vítor Gaspar, Paolo Mauro, Catherine Pattillo e Raphael Espinoza.
O documento assinala que "o investimento privado está deprimido, devido a incerteza aguda face ao futuro da pandemia e às perspetivas económicas", pelo que "o tempo é agora" para se fazer "investimento público de alta qualidade", que "pode ser feito pedindo emprestado a baixo custo".
"O investimento público pode ter um papel central na recuperação, com potencial para gerar, diretamente, entre dois e oito empregos por cada milhão de dólares investido em infraestrutura tradicional, e cinco e 14 empregos por cada milhão gasto em pesquisa e desenvolvimento, eletricidade 'verde' e edifícios eficientes", pode ler-se no texto do blogue do FMI.
Os efeitos na economia, segundo o documento, contabilizam-se no efeito de o "aumento do investimento público em 1% do PIB [Produto Interno Bruto] poderia aumentar a confiança na recuperação e aumentar o PIB em 2,7%, o investimento privado em 10%, e o emprego em 1,2%", no caso de projetos de alta qualidade e se o fardo da dívida (pública e privada) não se fizer sentir no setor privado.
Mesmo em países mais condicionados pelo alto endividamento, "uma escalada gradual de investimento público financiada por empréstimos poderia resultar, desde que os riscos do 'rollover' (associados ao refinanciamento da dívida) e dos juros não aumentem demasiado e os governos escolham os projetos de investimento sabiamente".
Sobre os efeitos do investimento público no privado, os economistas assinalam que "investimentos nas comunicações digitais, eletrificação, ou infraestrutura de transportes permite a emergência de novos negócios".
"Em suma, o investimento público é um elemento poderoso dos pacotes de estímulo para limitar a quebra económica causada pela pandemia. Mesmo que os países continuem a salvar vidas e subsistências, podem edificar as fundações para uma economia mais resiliente investindo em atividades ricas de emprego, altamente produtivas e mais 'verdes'", concluem os economistas.
Comentários