Um marido que droga e viola a mulher, convida os amigos e é uma década de horror que, por fim, chega à Justiça; são as mulheres silenciadas pelos talibãs, sem permissão para falar, cantar, ler, estudar; é o martírio de crianças no mundo; as violações a cada cinco segundos; as calúnias e difamações impunes nas redes sociais; as urgências hospitalares à míngua de profissionais e os mais jovens sem perspectivas de um futuro, sem capacidade para sair de casa, pessoas que se suicidam a cada 40 segundos. 

Como respondemos a tudo isto? Que está uma desgraça e culpamos aquela identidade invisível e absurda – “eles” – que, como na canção, comem tudo e não deixam nada. Ser optimista serve de pouco ou mesmo de nada, já que somos bombardeados por discursos de ódio, homofóbicos, racistas, discriminatórios e afins, desde que acordamos até que nos deitamos.

Há anos que defendo a ideia de que deveríamos privilegiar um bloco de boas notícias; deveríamos estar expostos a choques pela positiva; deveríamos cultivar a esperança. 

Há quem percepcione isto com o cinismo almas que não estão para estas coisas. Há quem diga que é só uma coisa xanti xanti. Devemos aceitar a escuridão? 

Quando falamos de saúde mental, vamos a uma consulta, há uma recomendação que se tornou um clássico: Não veja notícias, afaste-se das redes sociais. Não queremos pensar em tudo isto, nem mesmo quando temos crianças menores.

Vamos na onda, o mundo não está feito para pensar. E o consumo de anti-depressivos sobe, sobe, como todos os males do mundo. Esta semana comemorou-se o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

Os soundbytes de hoje serão as agressões de Trump ontem no debate com Kamala Harris. E, de novo, o discurso de ódio, as mentiras, a escuridão sem fim.

No ano passado, um grande amigo suicidou-se, a tristeza é infinita, mas seja lá por que razão reconheço os seus motivos, a sua desilusão com o mundo. Valerá a pena promover este debate ou seguimos no trilho dos temas que nos derrotam?

Linhas de apoio emocional e prevenção de suicídio

Caso tenha pensamentos suicidas ou conheça alguém que revela sinais de alarme, fale com o médico assistente. Se sentir que os impulsos estão fora de controlo, ligue 112.

Outros contactos:

SOS Voz Amiga
(diariamente, das 15h30 às 00h30)
213 544 545
912 802 669
963 524 660
direcao@sosvozamiga.org

Conversa Amiga
(diariamente, das 15 às 22h)
808 237 327
210 027 159

SOS Estudante
(diariamente, das 20 às 01h)
239 484 020

Voz de Apoio
(diariamente, das 21h às 24h)
225 506 070

Telefone da Amizade
(diariamente, das 16h às 23h)
228 323 535

Telefone da Esperança
(diariamente, das 20h às 23h)
222 080 707

Departamento de Psiquiatria de Braga
253 676 055

Escutar- Voz de apoio
225 506 070

SOS Telefone Amigo
239 721 010

A Nossa Âncora
219 105 750
219 105 755

Brochura do INEM
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