É absolutamente asfixiante o ambiente que se vive nas sociedades ocidentais, com este controlo da linguagem, com esta falta de liberdade, com isto de já não se poder dizer nada sem ser alvo de cancelamento por parte da esquerda woke. Para quem não está familiarizado com o termo, woke é usado para descrever vagamente todas estas pessoas que agora acham que podem apontar o dedo às “injustiças sociais” (sim, entre aspas) e criticar piadas, músicas, filmes ou seja lá o que for, só porque incomodam certas pessoas. E estes wokes estão em todo o lado, desde anónimos no Twitter a artistas, desde gente contemporânea a gente até já morta, como por exemplo o Martin Luther King, rei dos wokes que fez pouco mais de andar pelas ruas aos berros, a tentar cancelar quem contava anedotas sobre negros.

Como disse o Sérgio Sousa Pinto, o politicamente correcto é real e é uma ameaça à liberdade. Não podia concordar mais. Um movimento que está constantemente a tentar corrigir desigualdades e a lutar contra formas culturais e linguísticas de manutenção de várias opressões, ao mesmo tempo não é capaz de parar um pouco para pensar no sofrimento atroz que está a causa a todos os homens brancos heterossexuais que durante séculos sempre puderam dizer absolutamente tudo, fosse racista, machista ou homofóbico, sem terem contraditório. E isto é muito duro para nós. Horrível mesmo. Felizmente, um grupo de homens e uma mulher juntaram-se no MEL para fazerem uma mesa redonda sobre o tema, sempre com o acompanhamento de perto de psicólogos e do INEM, por ser um tema tão traumático.

Um deles, João Miguel Tavares, a pessoa que diz que a proposta da semana de trabalho passar a ser de 35 horas é tão extremista como propor um cerco sanitário a uma etnia, foi o orador principal e chegou a dizer algo como a sociedade não ter graça sem um pouco de racismo e homofobia para apimentar (não foram estas as palavras exactas, mas pelo menos foi o que interpretei). JMT, mais uma grande vítima do politicamente correcto que por ser um homem branco heterossexual ficou sem trabalho em lado nenhum, ninguém lhe paga para ele escrever ou falar em lado nenhum, e por esta altura já deve viver num banco de jardim por ter sido cancelado pela sociedade. Pedro Boucherie Mendes também fez uns pontos interessantes. Por um lado, reparou brilhantemente que o politicamente correcto não deixa que se goze com negros ou gays, mas goza com o cabelo do Trump ou a altura do Sarkozy. Verdade pura e crua. Não se vê ninguém preocupado com estas duas classes historicamente oprimidas, torturadas e mortas, que são o cabelo do Trump e a altura do Sarkozy. Por outro, disse também que hoje em dia Os Malucos do Riso não seriam possíveis. Trágico. Aquele que deve ter sido o melhor programa de humor de sempre em Portugal, talvez até da Europa, não poderia existir hoje em dia por anedotas de ciganos e alentejanos. Para bem do país, ainda bem que existiu e que até há dois anos as suas repetições ainda passavam.

Se vocês repararem bem, a cultura de cancelamento é mesmo real. Muita gente diz que comentadores, comediantes e outros, só sabem é choramingar contra esta cultura, quando na verdade estão simplesmente a ser cancelados. Mas a verdade é que já praticamente nenhum comediante tem trabalho em Portugal! Foram todos cancelados assim que lhes descobriram uma piada racista de há 10 anos, ou uma polemicazinha anteontem. Já quase não se houve falar de um único comediante. Tudo cancelado para sempre. Cronistas que escrevem coisas fascistas e racistas? Nem um! Nem no Observador, Público, Expresso, Sol, nada de nada. Na TV? Completamente impossível. A lista é infindável e estamos a ficar praticamente sem arte decente e bons comentadores em Portugal.

Uma verdadeira tragédia que tem de ser parada antes que seja tarde de mais. FORA O POLITICAMENTE CORRECTO! VIVA A LIBERDADE DE MANTER O STATUS QUO!

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Os homens também choram: livro do jornalista Nelson Marques sobre masculinidade tóxica