Hoje faço anos. Obrigado por se lembrarem. Ora essa, muito obrigado, parabéns a vocês também por serem quem são. Faço 37 anos. Juro! Eu sei que não se nota e que ninguém me daria mais do que 35, obrigado. Cremes? Nada disso, é mesmo genética esta cara de urso bebé. Por falar em fazer 35, talvez seja mesmo a minha idade. É o meu segundo aniversário em confinamento de pandemia. Será que contam? Não me parece justo. É um bocado como quem faz dia 29 de Fevereiro, mas esses podem sempre festejar no dia anterior ou, caso sejam supersticiosos, no seguinte, mas eu não posso festejar nada. Ainda pensei em convidar a Cristina Ferreira para poder organizar uma festa com 100 pessoas, mas depois tínhamos de andar com acrílicos de um lado para o outro e era capaz de sair caro. Além do barulho e nem estou a falar dos convidados. Ainda pensei convidar umas vinte pessoas cá para casa, mas depois lembrei-me que tenho uma casa pequena em que nem eu e a minha namorada conseguimos manter o distanciamento social um do outro e olhem que ela bem tenta. Então, fiquei assim, mais um aniversário em casa, sem convívio. Acho que nem devia contar.

Se pensarmos bem, também nem vale a pena festejar nada nesta altura. Não dá para apagar as velas porque temos de estar de máscara até porque soprar para o bolo faz com que fique com cobertura de covid por cima do açúcar. Não sei se já vos aconteceu soprar alguma enquanto usam a máscara? Seja para apagar um fósforo ou ou assim? É um mind fuck incrível, o nosso cérebro demora a compreender porque é que não aconteceu nada e o sopro caiu no vazio.

Outras razões para não festejar em pandemia: as prendas também nunca vão ser nada de especial, vai ser um pacote de máscaras N95 e um álcool gel ou então bilhetes para a próxima edição do Alive que deve ser em 2050; morder as velas para pedir desejos é um bocado parvo nesta altura porque de certeza que já milhões de pessoas pediram que a pandemia acabasse rápido e olhem no que deu. Aposto que já desejaram que os avós não morressem de covid e depois lá foram eles na mesma.

Isto até é positivo e engorda-se menos, o que é sempre bom quando estamos em confinamento e com o verão ao virar da esquina. Vai ser o verão com mais corpos deprimentes e não precisamos de adicionar mais uns quilos provenientes de bolo de aniversário com cerveja, seja no dia do aniversário seja ao pequeno-almoço do dia seguinte porque sobrou e mais vale comer já para recomeçar a dieta o mais rapidamente possível.

Claro que o pior é que aposto que agora as pessoas em vez de mandarem uma mensagem ou ligarem normalmente vão querer fazer uma chamada Zoom para nos dar os parabéns. Não vale a pena, a sério, ou somos muito chegados ou uma mensagem no Facebook a dizer “Parabéns” chega perfeitamente. Se forem daquelas pessoas que não falam há anos nem precisam de dizer nada, passamos bem sem os vossos votos de dia feliz. Ainda vamos sentir falta da pandemia quando fizermos anos e já não tivermos desculpa para não convidar aquela malta que não gostamos assim muito, mas que convidamos só porque são amigos de outro amigo e parece mal não convidar porque depois cria mau ambiente no grupo.

Sugestões: 

Para ver: Documentário Hip Hop Evolution, na Netflix

Para ir: Nova data do comediante Daniel Sloss em Portugal, bilhetes aqui.