O directo televisivo com a agressão aí está, para nos mostrar que o Portugal dos bons costumes nunca existiu. Conceição Queiroz é uma mulher que admite já ter ouvido coisas piores. Já a acusaram de se ter prostituído. Já lhe disseram que merecia ser violada. Assédio e racismo. Não há qualquer dúvida.

A jornalista da TVI diz que possui uma estrutura que a apoia, sabe que não está sozinha. Sabe que o racismo prevalece, mas também sabe que o movimento anti-racista é numeroso. Tem capacidade para enfrentar a situação, mesmo que seja humilhante, degradante, mesmo que seja nojenta. Está, digamos, treinada. É uma profissional de qualidade, uma mulher com formação académica, com muitos anos de experiência. É uma mulher que se empoderou e ainda bem. Outras pessoas na sua situação não terão a mesma força, o mesmo suporte. Muitas outras não conseguirão perceber a gravidade de tudo isto. Dirão que os insultos são fáceis de ignorar. Não são. Os insultos marcam, impõem-se, minimizam a vítima. Sejamos solidários? Sim, mas sejamos efectivamente solidários, deixemos claro que existem limites e que algumas pessoas não são dignas de se sentar à mesma mesa onde nos sentamos. Por serem racistas. Por serem agressoras. Merecem ser identificadas como tal.

A mulher que está no directo da TVI a mandar Conceição Queiroz ir trabalhar para as obras parece ser nova. Sabem o seu nome? Era bom saber. Não é sede de vingança, atenção, é querer saber com o que contamos se nos cruzarmos com esta pessoa.