Esta crónica é sobre o coronavírus. Porquê? Porque se fosse sobre qualquer outro assunto, não teria visualizações. Por isso, achei por bem escrever sobre o coronavírus e resolvi deixar isso bem explícito no título desta crónica, para as pessoas saberem que este texto é sobre o novo coronavírus.
Tenho conhecimentos ou habilitações que me permitam acrescentar alguma coisa ao tema do coronavírus, além das centenas de artigos e notícias que povoam todos os jornais e serviços noticiosos? Nem por isso. Sou médico, epidemiologista ou cientista? Não. Sou engenheiro? Por acaso sou, mas não da área da genética, mas sim de informática, o que me confere um nível de conhecimento e formação ao nível de coronavírus muito próximo do zero.
Então porque reservei eu este meu espaço de opinião num respeitado jornal para falar do coronavírus? Por dois motivos: o primeiro é que gosto que as minhas crónicas estejam sempre no top dos artigos mais lidos; segundo, prezo a entidade que me paga e sei que a eles dá jeito que esta crónica tenha o máximo de cliques possíveis e, nestes dias, o tema que bate é coronavírus.
Reparem que até estou a repetir a palavra coronavírus o máximo de vezes possível para efeitos de SEO, que para quem não sabe tem a ver com o algoritmo utilizado nos motores de busca, mas sobre isso não vou estar aqui a falar que é algo que eu até domino e seria estranho eu, como cronista de jornal, estar a falar de coisas que realmente percebo e para as quais tenho formação e experiência profissional. Destoaria do panorama nacional. Voltando ao coronavírus, quais as melhores formas de evitar ser infectado? Não faço ideia, mas esta frase "quais as melhores formas de evitar ser infectado" será bastante pesquisada no Google e, assim, mais uma vez ganho umas posições. Será que a epidemia vai matar muita gente? Não sei, mas fica esta também que pode dar jeito.
Mas é verdade, investiguei e vi que as páginas principais dos sites de notícias estão quase exclusivamente dedicadas à epidemia do COVID-19 (sinto que a keyword coronavírus já está, agora vamos usar COVID-19 que começa a ser bastante utilizada) e que as notícias mais lidas são, quase na sua totalidade, sobre este assunto, apenas intrometendo-se na luta do top algumas notícias sobre futebol. Se, por acaso, nas buscas da PJ aos três clubes grandes encontram COVID-19, as métricas das pageviews rebentam.
Tenho alguma novidade ou informação importante a dar sobre o COVID-19? Não, mas desde quando é que isso impede um jornal de publicar uma notícia? Relembro que vários órgãos de comunicação social deram notícias com o título "ÚLTIMA HORA: Não há infectados de coronavírus em Portugal". Isto é o mesmo que ligarem aos vossos pais às 4h da manhã a dizer que têm uma notícia muito importante e urgente para lhes dar: "Pai, mãe, continuo a não gostar de brócolos cozidos." Sinto que estou a chegar ao número de caracteres suficiente para concluir a crónica sem parecer que a fiz a despachar e em cima do joelho, mas deixa-me encaixar mais esta frase para encher chouriços e usar a expressão "coronavírus sintomas" que está a ser das mais pesquisadas no Google em Portugal. Ora bem, 3142 caracteres até agora, está feito.
Achavam que iam obter dados relevantes sobre o coronavírus nesta crónica? Se querem informações fidedignas sobre o coronavírus, visitem artigos de jornalistas credíveis e não de espaços de opinião, muito menos de um humorista. O erro foi vosso, logo a começar. Querem dados e conselhos úteis, então visitem o site da Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso ou falem com a minha mãe que sabe mais do que a OMS, claro.
Para mais informações: Site da OMS
Para rir: Espectáculo de stand-up comedy, em Águeda, dia 7 de março. Bilhetes aqui.
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