Acabei de papar a terceira temporada de NARCOS em dois dias e não pude deixar de me sentir feliz por ter nascido em Portugal, um país civilizado ao pé daquela Colômbia e México controlados por cartéis e afogados numa narcodemocracia. No entanto, acho que falta a Portugal uma história semelhante à de Pablo Escobar e El Chapo já que a imagem que passamos lá para fora é sempre a do país tranquilo, seguro com sol e fado. Com isso ninguém nos respeita e na Europa fazem de nós o que querem. Temos de deixar de ser mansos e por isso, inspirado pelos acontecimentos recentes, tomei a liberdade de criar uma espécie de NARCOS à Portuguesa, chamemos-lhe “NARCOS na Pedra”. A sinopse que se segue é completamente ficcionada e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, mesmo os nomes que possam reconhecer referem-se a outras pessoas que têm o mesmo nome do que essas que vocês estão a pensar.
Com as especulações do Ministério Público sobre o facto de Sócrates gostar de cocaína, vamos assumir que ele é o Pablo Escobar desta história e que durante anos comandou todo o tráfico de influências em Portugal, liderando o poderoso Cartel da Rosa, sem qualquer suspeita por parte das autoridades. Sócrates Escobar entrou em declínio em 2011, quando deixou de ter o apoio população e foi nessa altura que El Passos Coelho, novo líder do Cartel da Massamá, um traficante discreto até então, mas à espreita de uma oportunidade, chegou ao poder. Aliou-se a Pacho Portas Herrera, líder do famoso Cartel da Lapa, que revolucionou o tráfico de influências anos antes: enquanto todos continuavam a recorrer a métodos antigos, traficando a influência em envelopes, carros de luxo, ou no rabo de alguém, Pacho Portas foi um visionário e comprou dois submarinos. Foram esses submarinos que permitiram ao Cartel da Lapa enriquecer e passar a ser uma força importante nesta malha de influências.
O Cartel de Massamá comandou as operações com pulso firme e, dado que o Cartel da Rosa estava envolto numa luta interna de poder, pôde dar-se ao luxo de ignorar a aprovação do povo e tomar medidas austeras. No entanto, El Passos, aos poucos, foi perdendo o fôlego, sendo traído por alguns dos seus sicários como o caso de Miguel Relvas, conhecido como El “Doutor” – com aspas – que fora descoberto a traficar influências em flagrante. Apesar deste golpe duro no Cartel de Massamá, este conseguiu voltou a ganhar poder quando se deu a prisão do ex-líder do Cartel da Rosa, José Sócrates Escobar. A captura foi feita no aeroporto, depois de ter sido avisado com antecedência da sua detenção, mas mesmo assim decidiu entregar-se, confiando que os seus contactos o iriam fazer sair de lá rapidamente. Tal como Pablo Escobar, vivia na ilusão e na nostalgia do poder que havia perdido. A vida de luxo que levava denunciou-o e o juiz Carlos Alexandre Peña conseguiu o que há muito perseguia.
O Cartel de Massamá e da Lapa tinham tudo para renovar a liderança, mas, num volte face de fazer inveja à ficção, o Cartel da Rosa, com o seu novo líder António de la Costa, conseguiu convencer o que pareciam ser inimigos a aliarem-se para assegurar o poder. Nascia assim o poderoso Super Cartel da Esquerda, contestado por uns, aplaudido por outros, onde a todo o momento se espera que se desentendam numa luta sangrenta pelo poder.
El Passos continua a liderar o Cartel de Massamá, sombra do que já foi. O Cartel da Lapa agora é comandado por Assunção Cristas Moncada, que gosta de se fazer passar pelo povo, vestindo calças de ganga quando vai aos bairros sociais. Pacho Portas retirou-se, mas continua a ter uma palavra a dizer no Cartel. Neste momento vive descansado dos rendimentos dos seus submarinos atracados em Lisboa que arrenda a turistas. Portugal parece agora estar livre e num bom caminho, mas como na droga, todos sabemos que o tráfico de influências estará sempre vivo e em crescimento.
Na segunda temporada, vamos descobrir quem está por trás dos incêndios que abalaram Portugal e como tudo não passa de um negócio muito bem montado para depois desviarem o dinheiro dos donativos para uma empresa de branqueamento de capitais. Vamos também descobrir quem está por trás da empresa misteriosa que pode ser a resposta para quem quer deitar abaixo o Cartel da Lapa e os seus associados: a Yupido. Tudo isto debaixo do nariz da população que está já de olhos postos no próximo Mundial de Futebol.
Sugestões e dicas de vida:
Vejam Narcos que é fixe.
Vejam a série «País Irmão», na RTP, que estreia de 11 de setembro.
Estejam atentos a dia 1 de outubro que no SAPO24 irá haver um novo capítulo do NARCOS à Portuguesa, em direto, durante as eleições autárquicas.
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