A Carla e o Fernando celebraram ontem 25 anos de casados. Era terça-feira, dia atribulado com profissões e outras coisas e eles decidiram que era o dia deles e que o melhor era juntar os que amam e celebrar. Porque o amor deve ser celebrado, mesmo que seja a uma terça-feira. Nas redes sociais, escreveram de forma certeira: “Não existe conto de fadas. Não existe príncipe encantado. Não existe até que a morte os separe e muito menos viveram felizes para sempre. O que existe mesmo é o poder da escolha. O que existe é a vontade de ver o outro feliz, realizado. O que existe é a tranquilidade de ficar em silêncio ou a vontade incontrolável de rir juntos. O que existe é a admiração, o bem-querer tão grande que chega a doer. Existe a vontade de andar juntos, de construir caminhos, de fazer planos de ir e de voltar, e a confiança, e a admiração, e a cumplicidade. Existe o AMOR. Que é tantas vezes nada romântico, mas absolutamente real, o tudo e o tanto que nos faz olhar na mesma direção, todos os dias. 25 anos”. Desconheço quem escreveu estas linhas, se ela, se ele, se outro, mas isso pouco importa, porque são todas certeiras. A Carla e o Fernando sabem do amor o que todos nós deveríamos aprender um dia.

No estado a que chegámos, um mundo veloz e doente em tantas as frentes, tão cheio de desesperança e fealdade, é bom saber que existem duas pessoas capazes de viver os silêncios e os risos, de partilhar e de calar, de educar filhos com o maior cuidado, dentro de princípios e valores que exercerão vida fora, mesmo que sejam pessoas distintas com escolhas só suas. 

O amor não é um conto de fadas? Imaginando a Carla e o Fernando, ontem, a festejar, a benzer as alianças que os uniram há 25 anos, a rir e a manter a cumplicidade que os une, bastando um pequeno olhar, um toque, para o outro saber exactamente o que se sente, o que se pretende, confesso que acredito. O amor é também sermos testemunhas dos outros.