O vice-almirante Gouveia e Melo cumpriu o seu papel e é tratado com todas as vénias, quase como se fosse inesperado ou improvável ser capaz de executar a sua missão. Não estamos habituados à competência pura.
O vice-almirante não foi um herói, foi eficiente, pragmático, cumpridor. Ainda bem. E ainda bem que a equipa que esteve ao seu lado, e em todos os polos de vacinação, por mais invisíveis que possam ser, também cumpriu.
O perfil do vice-almirante Gouveia e Melo é apetecível e um pouco cinematográfico; afinal, a sua vida foi feita num submarino, a maioria de nós nunca pôs um pé em semelhante embarcação. Mais: quantos de nós sabem nomes de militares no activo, seja na Marinha, no Exército, na Força Aérea?
A maioria de nós não usou farda, desconhece os protocolos militares. Temos uma ideia dos filmes norte-americanos? Pode ser, mas a nossa realidade é francamente distinta. O que sabemos é que o vice-almirante Gouveia e Melo teve uma prestação eficaz, comunicou em bom português e não se deixou espantar com o mediatismo. Teve um desempenho impecável. Não estamos habituados a isso, estamos habituados a maldizer, a criticar, a desdenhar.
O vice-almirante tem pinta, ouvi há dias. Seja. O vice-almirante cumpriu. A bem de todos. Talvez seja brio o que o distingue, algo que porventura faltará a alguns de nós. Talvez seja profissionalismo ou, até, uma ideia de serviço público que já se perdeu. O vice-almirante Gouveia e Melo cumpriu. Não foi excelente, foi ele próprio. Obrigada.
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