Porque estamos no mesmo caminho daquele país que tem um presidente que é um agressor sexual condenado. Porque o crime compensa e não é apenas nas zonas interiores com maiores queixas, com menos oportunidades. Porque a esquerda deixou de ter o peso que tinha como garante de igualdade. Porque… as razões amontoam-se.

A estas acrescem os estudos que provam que os homens, sobretudo os mais novos mas não só, votam à direita como ação diretamente relacionada com a posição das mulheres na sociedade civil, no mercado de trabalho e na academia. Votam à direita para garantir que a desvalorização das mulheres continua. Tudo isto é de uma imensa tristeza e terá resultados graves.

Muitas pessoas riem-se da ideia de uma estratégia de extrema direita concertada internacionalmente, com uma agenda específica. Talvez não se riam tanto quando lhes tocar. Porque, já se sabe, quando é pessoal passa a ter outra leitura. Agora, resistimos. Não temos outro remédio.

Sophia de Mello Breyner escreveu: “Vemos, ouvimos e lemos /Não podemos ignorar/ Vemos, ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar”. Não há como ignorar, por isso importa resistir. E isso significa estar atento. Ainda haverá quem esteja, tenho a certeza.