
Acompanhou-nos nesta Páscoa e pediu o fim de todas as guerras, bélicas ou comerciais. Pediu o fim dos presos políticos. Pediu que vivêssemos a partir de um lugar de gentileza.
O seu tempo foi um tempo de reinvenção. Olhou para as mulheres para lá da sua condição de mães. O culto Mariano permite esse refúgio, mas Francisco reconheceu as mulheres em todas as valências. Deu-lhes poder dentro da igreja e reconheceu-as fora dela. Olhou para a comunidade LGBTQI+ com desassombro e procurando caminho.
A igreja muda lenta e paulatinamente. Francisco acelerou algumas temáticas. Trouxe outras para a discussão. É sua a primeira encíclica sobre as alterações climáticas. Foi um papa que tocou muitos, enervou os mais conservadores. Muitos que se assumem como não crentes viram nele uma possibilidade, uma luz.
Ele assumia-se como um homem comum. Nos tempos que vivemos, precisamos de mais homens assim. Não era perfeito, não era intocável. Era um homem. E acreditava que era importante ouvir os outros, olhar pelos outros. Num mundo atolado de violência fará falta o seu olhar, o seu sorriso. E a ideia de que podemos ser melhores todos juntos. A imagem do Papa na basílica de São Pedro durante a pandemia, totalmente só, nunca a esquecerei. Era um homem a rezar por todos. Quem virá a seguir, perguntamos hoje. Os poderes que se erguem no mundo, as ideias mais temíveis, ensombram o próximo conclave, mas a esperança, como se diz, é a última a morrer.
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