Terça-feira, 14 de setembro, foi a data escolhida pela Apple para apresentar o novo iPhone. A gigante tecnológica organiza um evento onde vai apresentar a sua nova gama de produtos e o smartphone deverá ser a estrela da festa. Outras novidades esperadas são um novo Apple Watch e um novo modelo de AirPods. O evento vai ser transmitido através do site oficial da empresa.

A apresentação da nova gama de produtos, um clássico da Apple que transformou lançamentos comerciais em eventos tecnológicos, acontece no ano em que Tim Cook completa 10 anos na liderança da empresa.

O início da era Cook na Apple não aconteceu pelas melhores razões. A 24 de agosto de 2011, o atual CEO da Apple substituiu o seu lendário fundador Steve Jobs, que enfrentava complicações de saúde devido a um cancro no pâncreas. Jobs partiu demasiado cedo, mas deixou um legado que em muito ia influenciar aquela que seria a liderança de Tim Cook.

Cook, agora com 60 anos, chegou à Apple em 1998, depois de 12 anos na direção das operações da IBM e de apenas 6 meses num cargo semelhante na Compaq. Hoje em dia, dificilmente encontra um computador desta marca, no entanto, em 1998, a Compaq estava numa posição bastante mais favorável que a empresa da maçã (que tinha visto uma quebra de 50% nas suas receitas num espaço de 3 anos). Na altura, a sua saída repentina foi vista como uma decisão de risco por parte do mundo empresarial, mas para Cook foi óbvia, depois de conversar uns minutos com Jobs e compreender o plano que tinha delineado para a “nova” Apple.

O caminho para a Apple se tornar na empresa mais valiosa do mundo em 2011, após uma década onde apresentou produtos revolucionários como o iPod, o iPhone e o iPad, foi trilhado maioritariamente com Tim Cook como “nº 2” de Steve Jobs. São-lhe atribuídas as eficiências que a Apple conseguiu ganhar no seu processo de produção, permitindo não só que pudesse continuar a praticar preços premium com uma margem de lucro bastante mais significativa, mas também que pudesse fazer os produtos chegar ao mercado de uma forma bastante mais rápida.

Apesar de tudo isto, no momento de ocupar o lugar de Jobs, voltaram a ser levantadas imensas questões. Seria possível igualar Jobs? Seria este o início do fim para a Apple?

Quem assim pensou não podia estar mais longe da verdade e os números da última década comprovam isso:

  • A valorização da Apple em bolsa cresceu +700% para 2.5 biliões (trillion em inglês) de dólares, continuando a ser a empresa mais valiosa do mundo.

  • Quando Cook assumiu a liderança, a Apple registava 108 mil milhões de dólares em receitas. Em 2020, apresentou vendas no valor de 274.5 mil milhões de dólares.

  • Em pleno 2021, a Apple é a empresa mais lucrativa no mundo inteiro.

Como é que isto aconteceu?
Em primeiro lugar, a Apple, ano após ano, modelo após modelo, foi vendendo cada vez mais iPhones. Estima-se que em 2011 tenham sido vendidos cerca de 72 milhões de unidades. Em 2020, esse número estava perto dos 250 milhões.

Em segundo lugar, introduziu novos produtos, também conhecidos por wearables, como o Apple Watch e os AirPods que, atualmente, faturam mais do que a maior parte das empresas cotadas em bolsa. Na apresentação de resultados mais recente da Apple para o segundo trimestre deste ano, só esta categoria era responsável por 8.8 mil milhões de dólares em vendas, um valor superior, por exemplo, às receitas da Netflix para o mesmo período (7.3 mil milhões de dólares).

Por último, na era do ecommerce e do streaming também apostou em serviços como o Apple Pay e o Apple Music que, no ano fiscal de 2020, representaram 17 mil milhões de dólares. E, claro, também há aquela "pequena" plataforma chamada App Store que hoje já conta com mais de 2 milhões de aplicações gratuitas e pagas, às quais a Apple cobra uma modesta taxa de 30% das receitas.

O legado de Cook
Além da posição onde colocou a Apple, existem outros dados interessantes relativamente a Tim Cook. O mais notório é o facto de se ter tornado no primeiro líder de uma empresa da Fortune 500 a assumir-se como homossexual e ser uma voz ativa dos direitos LGBTQ+ no mundo empresarial. Embora este ativismo também esteja presente em alguns temas políticos e ambientais, o CEO da Apple tem sido alvo de críticas pela influência direta que a sua empresa tem em problemas como a poluição, a exploração de mão de obra barata ou mesmo a privacidade dos seus consumidores.

O derradeiro fun fact está relacionado com a sua fortuna. Apesar de ser líder da maior empresa do mundo, Tim Cook tem uma riqueza (~1.5 mil milhões de dólares) bastante inferior à de nomes como Jeff Bezos (Amazon) ou Mark Zuckerberg (Facebook). Isto deve-se ao facto de não ser um fundador original da Apple e de parte do seu rendimento nos últimos 20 anos estar associado aos cargos que desempenhou e não à valorização de uma participação que tivesse na empresa.

No entanto, como “prémio” de 10 anos ao leme da empresa da maçã, Cook recebeu 5 milhões de ações da Apple avaliadas em 750 milhões de dólares. Não é o suficiente para ficar perto dos seus “rivais”, mas talvez seja o suficiente para se manter no cargo mais uns aninhos.


A análise ao percurso de Tim Cook à frente da Apple foi feita originalmente para a newsletter Next que pode subscrever para receber histórias do mundo da inovação e das empresas no seu e-mail.

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