O plano apresentado na edição de 2016 da F8 marcou o novo posicionamento do Facebook não só como uma rede social, mas também como uma empresa focada em inteligência artificial, em realidade virtual e em conectividade através de drones e satélites. Na edição deste ano, que decorreu a 18 e 19 de abril, Zuckerberg começou por brincar com o facto de acontecerem dois eventos F8 nesta semana, a conferência do Facebook e a estreia do oitavo filme do franchise Velocidade Furiosa aos cinemas.
Mas voltando ao Facebook. Enquanto, até esta altura, o foco estava em ligar amigos e família, segundo o fundador é agora tempo de a rede se focar na formação de uma comunidade. Com as eleições americanas, onde o papel da rede social na transparência de informação foi colocado em causa e com a recente tragédia em Cleveland, onde um homem utilizou o Live do Facebook para se filmar a assassinar um idoso de 74 anos, a vontade de arranjar uma forma de gerir pessoas de diferentes contextos tornou-se uma prioridade para o jovem CEO.
Além da rede social com o mesmo nome, o Facebook é detentor do Whatsapp e do Instagram, duas redes que têm crescido significativamente nos últimos anos. Se o Whatsapp ultrapassou os mil milhões de utilizadores diários, o Instagram adicionou 100 milhões novos utilizadores apenas nos últimos seis meses. Apesar destes números, Zuckerberg optou, no seu keynote de 20 minutos, por falar na “augmented reality” como tendência e como futuro da empresa. Um conceito que passa pela visão direta ou indireta, ao vivo, de um ambiente real e físico, cujos elementos são complementados por sensores gerados por um computador como som, vídeo, gráficos ou GPS.
A transmissão de informação com texto a ser substituído por fotos com texto, a interação com objetos digitais, dando como exemplo o Pokémon Go, e a melhoria dos objetos existentes, com a criação de filtros para fotos e vídeos foram três pilares que o líder do Facebook afirmou que seriam trabalhados pela empresa. Como? Através da criação de uma plataforma de “augmented reality” com base na câmara. Quem utiliza a app da rede social no seu smartphone terá reparado no separador adicional que agora está disponível para aceder a uma câmara. Essa funcionalidade, permitirá a developers desenvolver filtros, efeitos especiais e outro tipo de dinâmicas que permitirão aos utilizadores interagirem de maneira diferente uns com os outros.
Algumas destas experiências estarão ligadas à fotografia e ao vídeo, com a existência de milhares de filtros e com a utilização de diferentes efeitos, através da capacidade que a plataforma terá de reconhecer objetos. Outras estarão ligadas a jogos com a mesma filosofia do Pokémon Go. Outras com arte, com a possibilidade de se ser criativo num espaço não físico.
Simultaneamente, esta reafirmação de objetivos apresenta-se como um ataque do Facebook ao Snapchat, principal ameaça à sua hegemonia. Em 2016, a rede social que permite a troca de fotos, vídeos e mensagens instantâneos entre amigos, com a utilização de diversos filtros, foi a que teve um crescimento mais acentuado. Com uma valorização de valorização de cerca de 25 mil milhões de dólares a oferta pública que realizou, no início de Março, e com a estimativa de 9.000 snaps a serem enviados por segundo, o Snapchat mostrou à indústria tecnológica que a câmara era a nova tendência. O Facebook não tardou a responder e introduziu as insta stories no Instagram, as stories no Facebook e o status no Whatsapp, como forma de combater a predominância que o Snapchat estava a ter nesta vertente.
Atualmente, o insta stories já conta com mais de 200 milhões de utilizadores ativos e o valor de mercado do Snapchat em Bolsa tem vindo progressivamente a diminuir o que demonstra que a indústria parece acreditar que mais tarde ou mais cedo o Facebook será também líder na área de “augmented reality”. Para o futuro, resta saber se o Snapchat conseguirá lutar com o Facebook ou se acabará por ser integrada numa empresa de maior dimensão como tantas startups antes de si.
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