De 82 candidaturas aos Altice Innovation Awards, o Grande Júri - composto por várias personalidades ligadas ao setor empresarial, à inovação tecnológica e à academia - filtrou para nove os candidatos finais a concorrer em duas categorias distintas: Startup e Academia.
Na secção Startup há seis propostas de inovação - três portuguesas e três francesas - a disputar um prémio de 50 mil euros e a possibilidade de fazer uma prova de conceito junto da Altice, durante um período de seis a 12 meses.
As iniciativas em disputa têm propósitos variados e estão destinadas a áreas muito distintas entre si, unindo-as apenas a utilização da tecnologia para inovar.
A Fuel Save, por exemplo, tem como objetivo auxiliar as transportadoras rodoviárias a poupar combustível e, consequentemente, dinheiro. Segundo o seu CEO, António Fradique, "40% dos custos" de uma empresa de transporte rodoviário "são em combustível" e, por ano, “são consumidos 146 mil milhões de litros" de combustível por camiões na Europa.
Sendo uma “empresa de ciência dos dados” criada há três anos que trabalha “em tempo real” e que “executa análises e prognósticos de otimização de condução”, a iniciativa da Fuel Save passa pela instalação de um aparelho nas cabines dos camiões que dá formação individual aos motoristas para melhorarem a sua condução. Desta forma, é possível poupar “20% dos custos de combustível e de emissões de CO2”. A empresa já obteve resultados ao aplicar modulação de dados em 350 camiões de uma empresa, tendo ajudado a poupar "1,2 milhões de euros em combustível” num só ano tendo esta metodologia como base.
A MOV.Energy também atua no setor da mobilidade, mas noutra vertente, agindo também sobre nas esferas da energia e da comunicação. Fundada por Pedro Corte Garcia (CTO), José Toscano (CEO) e Pedro Silva (COO) depois dos três se conhecerem no Lisbon MBA em janeiro deste ano, a startup criou uma plataforma digital que usa tecnologia IoT (Internet of Things) para permitir às pessoas “partilhar electricidade entre elas”, segundo Corte Garcia.
A solução da Mov.e passa por permitir a ligação de veículos elétricos e híbridos plug-in à rede elétrica fora das estações comuns de carregamento. O que permitirá essa novidade é a instalação de um conector com uma plataforma Cloud que ligará os veículos a fornecedores de eletricidade em qualquer parte, de condomínios a empresas, podendo haver venda de energia num sistema peer-to-peer. Depois de terem ganho os concursos Porsche Conector, em Madrid, e Global Impact Challenge, em Cascais, tiveram a oportunidade de mostrar as suas ideias em Silicon Valley e preparam-se agora para criar um protótipo final.
A última startup portuguesa a concorrer é liderada por Kristina e Wendy, uma eslovaca e uma holandesa. Juntas criaram o Secret City Trails, uma plataforma que oferece jogos de “descoberta de cidades” ou “aventuras urbanas”, nas palavras de Wendy. Destinados tanto a “habitantes” e como a “turistas”, assim como a “empresas, para eventos de team building”, o objetivo de cada jogo é “resolver uma série de enigmas” que leva os jogadores “a percorrer a cidade” e que, ao fazê-lo, vai “desbloqueando histórias sobre o que descobre” e “recebe recomendações” de cafés, bares e outras pérolas escondidas.
O jogo está disponível numa aplicação online que “funciona em todos os navegadores de qualquer smartphone sem ter de fazer downloads”. Ao fazer a compra, individual e não em regime de subscrição, recebe-se um link que segue para o jogo. A empresa tem jogos em 13 cidades - Porto e Lisboa incluídos - e pretende expandir-se para 300 cidades.
Passando para as propostas francesas, a ODiHO é uma startup de "sound on demand" fundada há 8 meses por Philippe Duvivier e Gauthier Dalle depois de 4 anos de “pesquisa intensa de mercado e investigação técnica”, nas palavras do segundo. Ambos identificaram que, em lugares públicos, é sempre “um desafio” obter “áudio perfeito e um conteúdo compreensível” de intercomunicadores em espaços como um aeroporto ou um centro comercial, devido ao ruído.
A sua solução é “transmitir diretamente o conteúdo áudio” de alta definição para os smartphones e para os auscultadores a eles ligados em tempo real. Neste momento utilizam wifi para assegurar este serviço mas planeiam fazê-lo também com LiFi/5G num futuro próximo.
Outra empresa francesa a trabalhar em transmissão, desta feita de vídeo, é a Plussh. Criada por três jornalistas confrontados com a falta de fiabilidade e custos dos atuais sistemas de Live Stream, a startup propõe-se a oferecer “soluções de vídeo em direto e B2B para smartphones”. Segundo o seu CEO, Dimitri Moulins, a Plussh desenvolve “aplicações de vídeo em direto, de marca branca, de uso fácil e com toda a privacidade e segurança”.
O serviço destina-se a empresas, que podem assim conduzir comunicações internas, pois os utilizadores “com um clique, estão num vídeo em direto e os colaboradores são notificados”, procurando “envolver as equipas e reduzir distâncias entre gestores e empregados”, assim como fazer uma “gestão de situações de crise” e “melhorar tomada de decisões”. No entanto, a Plussh também se destina a jornalistas, já que os profissionais da área ficam “com uma câmara de vídeo em direto no bolso”. Neste momento, empresas como a L’Oréal, a Carrefour ou a Airbus já utilizam este serviço.
Por fim, e especializando-se numa tecnologia bem conhecida do público, a TempoW desenvolve “soluções de Bluetooth que são integradas em smartphones”, como descreve Julian Goupy, um dos três cofundadores desta startup francesa, criada há 3 anos. Um dos seus produtos mais populares é o Tempow Audio Profile (TAP), um protocolo atualizado que permite a qualquer chip de Bluetooth fazer streaming de áudio para vários outputs ao mesmo tempo, ou seja, possibilita que mais do que uma coluna passe som em simultâneo a partir do mesmo smartphone.
Sendo uma solução de software, está disponível “a todos os fabricantes de smartphones do mercado”. Depois de obter 3 milhões de euros em investimento da Balderton Capital, a empresa procura vencer o concurso pois desenvolveu “um protótipo” com a sua tecnologia “num smartphone Altice” e gostaria de demonstrar à empresa “como é fácil integrar esta tecnologia num smartphone”.
As propostas na categoria Academia
Os Altice Innovation Awards não se destinam apenas a empresas, sendo também possível a investigadores participarem a título individual na categoria Academia. São três os projetos que o Grande Júri selecionou para a fase final, sendo que o vencedor vai levar para cada uma recompensa de 25 mil euros.
Estudante em Tecnologias da informação na Universidade da Noruega, Roman Trotsyuk apresenta o seu projeto "Computing Power Marketplace". Vindo da área dos “sistemas de informação, desenvolvimento de software, análise financeira e gestão de projetos”, Trotsyuk considera que há uma “crescente procura” de “capacidade informática” e que há duas formas de resolver o problema: “de forma extensiva e intensiva”. A forma extensiva passa por “comprar equipamento novo, novos servidores e centros de dados”, mas a forma intensiva “é mais económica e conveniente” para “usar aparelhos que não estão a ser utilizados”. A solução passa então por utilizar o potencial computacional de milhares de aparelhos como smartphones e laptops, já que, não sendo usados 24 horas por dia, os seus donos “podem vender a sua capacidade informática aos clientes e ganhar dinheiro com isso”.
Também Olga Savchuk traz um projeto baseado numa rede, mas aplicada à energia. A tirar um doutoramento em sistemas de energias renováveis através do MIT Portugal, Savchuk, que desenhou “sistemas de energia para pequenas comunidades” na Holanda, apresenta o "Machine for Grid". Antecipando um futuro onde o fornecimento de energia elétrica será descentralizado, Savchuk indica que a questão não passa por apenas “instalar mais energia renovável”, mas também por “preparar infraestruturas para essas mudanças”. O seu projeto passa por “melhorar e preparar a rede elétrica para o futuro”, através de um sistema “complexo e dinâmico” de "aprendizagem automática aplicada à Big Data” que permitirá "melhorar o desempenho do sistema, prever e prevenir as interrupções e falhas na rede, compreender melhor os clientes e até impedir fraudes”.
O terceiro, e último, projeto académico a concorrer no Altice Innovation Awards é o de Vanessa Duarte. Apelidada de "Towards 5G: TB/S Speed Telecom Payloads", a iniciativa da candidata a Doutoramento na Universidade de Aveiro passa por “preencher a lacuna digital” existente e a solução para isso é “dar acesso à Internet à metade da população mundial que ainda não o tem”. Para tal, são necessários satélites “com uma capacidade muito mais elevada do que atual” para servir milhões de pessoas, pelo que a solução passa por “aplicar um processador potente no núcleo do satélite”, algo que a “RF e as tecnologias digitais atuais ainda não conseguem obter” e que poderá ser solucionado por “tecnologias fotónicas”. Com experiência de trabalho no Instituto de Telecomunicações, em Aveiro, e no Instituto IHP, em Leipzig, na Alemanha, Vanessa foi responsável pela “modelação do sistema” e pelo “desenho do processador fotónico” no projeto.
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