A história da Aristotle VR começou quando Bilal Awan, paquistanês radicado em Dublin, comprou uma outra empresa que desenvolvia soluções de saúde com recurso a Realidade Virtual. Na Web Summit à procura de investimento para a sua ideia, o empreendedor trouxe vontade e a lição estudada, mas não os óculos VR, "por questões de saúde".

Colocando-os, os pacientes fóbicos são transportados para um cenário controlado onde se manifestam as suas fobias. Neste momento, o serviço trata várias fobias: medo de aranhas, de cães, de alturas, de bactérias, de escadas rolantes, claustrofobia e também casos de Perturbação Obsessiva-Compulsiva.

Apesar de ainda estar a correr apenas a versão inicial, os resultados dos ensaios clínicos são animadores, diz o empreendedor, citando estudos conduzidos na Phobius, uma clínica de Viena, Áustria, especificamente centrada no tratamento de fobias: os tratamentos “mostraram uma melhoria de 97,8%", sendo que, ao todo, “o nosso número cumulativo de tratamentos mostrou melhorias entre 80 e 90%”.

Com estas taxas de sucesso, o responsável pela Aristotle VR calcula que o seu serviço faça “decrescer até 60 ou 70% o número de visitas” ao médico por parte dos doentes. A justificação para esta previsão está na possibilidade dos psicólogos verem ”exatamente o que o corpo das pessoas está a fazer e como está a reagir quando são colocadas nestas situações”, em vez de “apenas falarem sobre o assunto e tentarem compreender o que se passa”. Assim, Bilal espera que se passe de 8 a 10 sessões, para apenas uma, onde se pode logo “simular o sintoma, ver o corpo a reagir e proceder ao tratamento”.

Neste momento, o Aristotle VR serve-se essencialmente da visão, que é um dos mais poderosos sentidos que temos, mas isso não é suficiente para retratar um episódio de fobia na sua totalidade. É por isso que Bilal pretende avançar o projeto para as fases dois e três, onde o serviço fará “as pessoas sentirem o seu medo mesmo no corpo”, ou seja, “se tiverem medo de aranhas, vão senti-las”. Para além disso, de forma a auxiliar os diagnósticos médicos, a versão em desenvolvimento vai permitir ler a actividade cerebral em tempo real.

Outra possibilidade de evolução para esta tecnologia é começar a incorporar Inteligência Artificial e Aprendizagem de Máquina, para, através de biométricas, “ver como os pacientes receberiam automaticamente os ambientes que temem baseados nas respostas dos seus corpos”. Com base nas reações, “a máquina estaria capaz de aumentar ou diminuir o efeito”.

Para chegar a essas fases, Bilal está à procura do investimento de um milhão de euros, já que o projeto, apresentado na Web Summit na fase Beta, encontra-se ainda ”em desenvolvimento interno, por isso tem sido auto-financiado”.

Para além da clínica Phobius, o líder da Aristotle diz que está “em conversações com o Ministério da Saúde de um dos estados dos balcãs, que querem implementar soluções VR para tratar de fobias nas suas clínicas de psicologia. Essa é só uma das possibilidades num “grande mercado”, assevera.


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