“Se a sua empresa não tem um bot, comece a criar um”. O conselho é de Brian Halligan, para quem a próxima grande mudança vai ser “passar do apontar, do clicar, do swipe para voz. Para um tempo em que não somos nós a aprender como o software funciona, mas o software a aprender como nós funcionamos”. É o tempo da inteligência artificial para Brian, das máquinas que aprendem com a interação, onde uma ordem falada bastará para desencadear uma ação.
Menos tentado a olhar para o futuro distante e mais centrado no que está a mudar a tecnologia hoje, Mood Rowghani destaca a forma como as empresas de software estão a transformar-se em empresas de media, que produzem conteúdo e criam comunidades. E dá um exemplos como a Peloton, que resolveu munir as suas bicicletas estáticas com um ecrã e uma subscrição de aulas, permitindo a qualquer um, no conforto do seu lar, acompanhar uma aula de indoor cycling (o que podem não ser boas notícias para os ginásios tradicionais). Um género de “Netflix” dos ginásios vendido diretamente com o equipamento. “Portanto, não é sobre hardware, não é sequer sobre inteligência artificial, é transformar-se numa plataforma de comunicação.
De olhos postos no céu, Alexander Zosel, da Velocopter antecipa uma revolução na mobilidade urbana, com táxis voadores autónomos e ligados uns aos outros. “Autónomo, conectado e partilhado”, é assim que o engenheiro vê o futuro, e avisa: é algo para acontecer nos próximos anos, e não na próxima década”. E teve até tempo de fazer um pequeno inquérito com a plateia do Center Stage da Web Summit: preferiam andar num táxi voador que pudessem controlar, ou num completamente autónomo? Dividida, a resposta da plateia foi 50-50. “É incrível como as pessoas já confiam na mobilidade autónoma, sem terem experiência real disso”, comentou.
E a quem devemos estar atentos nos próximos anos? “Elon Musk”, responde Halligan. “Espero que tenha vida longa e produtiva. Acho que vamos ver coisas muito interessantes”, acrescentou, comparando Musk a um Steve Jobs da nova vaga tecnológica.
E na liderança dessa nova vaga pode não estar São Francisco. Rowghani acredita que Sillicon Valley vai perder “o monopólio sobre a inovação”. “Em dez anos veremos muito mais inovação fora de Silicon Valley e é por isso que passo muito tempo na Europa”, acrescentou. “Acredito que cidades que não são como São Francisco, são muito mais indicativas sobre a adoção da tecnologia pela população geral”. E na linha da frente estão “cidades com história e diversidade”.
Certo é para Zosel que em 10 anos a nossa perspectiva do mundo vai mudar, nem que seja só porque já podemos ver a cidade (e o mundo) a partir de um táxi voador.
No rumo do sucesso, um dos maiores desafios para todas as startups é manter a “cultura” da empresa e Rowghani deixa um conselho que aprendeu com o Uber: não se pode deixar que a tecnologia nos faça esquecer o lado humano da inovação. “Transmitam sempre o lado humano da vossa tecnologia”. “Não é tanto sobre o que vendes, mas como o vendes”, acrescenta Halligan.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo que nasceu em 2010 na Irlanda e se mudou em 2016 para Lisboa, despede-se da capital esta quinta-feira. Segundo a organização, pela Altice Arena (antigo Meo Arena) e pela Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque nas Nações, passaram 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
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