Em declarações à Lusa, Rui Oliveira, administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) defendeu hoje a necessidade de se “aliar o sistema” para que os profissionais de saúde, quer de instituições quer de laboratórios, produzam códigos e que os mesmos coincidam com o número de novas infeções com SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19.
"É preciso de facto, sensibilização e informação de todos os médicos para a necessidade de gerar códigos e de como o fazer. Sei que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) estão a arrancar com várias iniciativas nesse sentido", destacou.
Paralelamente, Rui Oliveira destacou a importância de se “automatizar o código”, isto é, a partir do momento em que é diagnosticado um novo caso de covid-19 ser gerado de imediato um código, independentemente de o infetado ter ou não a ‘app’ instalada.
"Os SPMS estão a trabalhar no sentido de automatizar o código e na integração dos laboratórios e outras instituições. Isto vai melhorar, mas não vai acontecer num dia", observou Rui Oliveira, que espera que “no final deste mês se veja uma diferença substancial” na aplicação.
Até ao momento, foram gerados 740 códigos e introduzidos na aplicação 216.
Questionado sobre o facto de o número de códigos gerados e introduzidos na aplicação ser inferior ao número de infeções e ao número de ‘downloads’, o responsável afirmou que uma das razões se prende com a dificuldade de os mesmos “chegarem atempadamente às pessoas” infetadas.
"Um código chega à pessoa infetada ao fim de quatro a cinco dias, esse código tem validade de 24 horas, portanto, se a pessoa demorar mais que 24 horas a inseri-lo na aplicação, ele é inválido. Por outro lado, se o código demorar sete a oito dias a chegar à pessoa, mesmo que tenha sido gerado no 7º ou 8º dia, já não serve de nada porque a pessoa, entretanto, pode ter melhorado", exemplificou.
A "sobrecarga dos serviços de saúde" e as pessoas que não introduzem o código na aplicação são outras das razões apontadas pelo responsável.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quarta-feira que o Governo ia apresentar ao parlamento uma proposta de lei para que seja obrigatório quer o uso de máscara na via pública quer a utilização da aplicação StayAway Covid em contexto laboral, escolar, académico, bem como nas Forças Armadas, Forças de Segurança e na administração pública.
A aplicação móvel, lançada no dia 01 de setembro, permite rastrear, de forma rápida e anónima e através da proximidade física entre 'smartphones', as redes de contágio por covid-19, informando os utilizadores que estiveram, nos últimos 14 dias, no mesmo espaço de alguém infetado com o novo coronavírus.
Caso o utilizador teste positivo para o novo coronavírus, que provoca a covid-19, a aplicação é desativada, sendo que, antes de o fazer, alerta os utilizadores que tiveram em contacto com os diferentes códigos gerados pelo 'smartphone' de que o mesmo está infetado. Após a recuperação, a aplicação deve ser reinstalada para que o processo de monitorização se inicie.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e noventa e nove mil mortos e quase 39 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.149 pessoas dos 95.902 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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