Primeiro andaram por Faro, em testes. Depois, subiram até Lisboa, onde continuaram em testes. Com a frase “this is not a scooter” (isto não é uma scooter) deambularam pela capital e perguntaram a diversos utilizadores de trotinetes elétricas partilhadas quais as preocupações maiores que sentiam na cidade, uma pergunta que se estendeu a utentes de outros meios de transportes e a quem anda simplesmente a pé e que partilha o mesmo espaço e as mesmas infraestruturas rodoviárias (passeios, ciclovias e estradas). Depois de interpretadas as preocupações, arranjaram as devidas soluções.
Felix Petersen, diretor-geral da Flash, startup de micro-mobilidade de origem alemã, sétima operadora de trotinetes elétricas em Portugal, realçou, durante a apresentação pública e formal da empresa à imprensa portuguesa, que, durante a fase de testes em Lisboa, o “preço“ e o “estacionamento correto” das trotinetes foram duas das preocupações sentidas.
“Entendemos que precisávamos de um veículo próprio para a cidade e que o preço é importante. Também notámos que há preocupações com o estacionamento das trotinetes”, destacou o responsável desta empresa que decidiu criar o seu próprio modelo de trotinetes.
Do conforto às boas práticas de estacionamento, passando pela segurança
“Focados no conforto e na segurança” desenharam veículos mais preparados para as “ruas de Lisboa” e para “cidades como Lisboa”, que é uma das primeiras a receber as trotinetes desenvolvidas por esta startup fundada em 2018 e que conseguiu um financiamento de 55 milhões de euros.
Assim se explica a suspensão reforçada e hidráulica, travões duplos, sinalização LED, rodas maiores (10’’) e mais espaço para os pés, caraterísticas que permitem uma “experiência de condução mais segura e completa”, frisou. “Isto não é um brinquedo”, realçou o responsável em Portugal fazendo a comparação com outras trotinetes que se vendem, por exemplo, em lojas. O novo modelo conta ainda com um suporte para colocar o telemóvel, entrada USB para carregamento de dispositivos móveis e uma base para garrafas. E disponibiliza ainda capacetes e, embora aconselhe a sua utilização, reconhece que a mesma não pode ser imposta ou supervisionada.
O “ordenamento do espaço público” foi outros dos pontos a que dedicaram especial atenção. Apostando na diferenciação em relação à concorrência, a Flash desenhou uma aplicação móvel com um mapa de pontos de estacionamento que pode ser descarregada nas lojas da Google e da Apple.
Uma app que ajudará ao estacionamento correto, e não anárquico, tendo a empresa criado um incentivo às boas práticas: os utilizadores que estacionarem nos locais definidos pela autarquia “terão um desconto de 50% no desbloqueio da viagem”. À semelhança das restantes operadoras no mercado português, o desbloqueio da trotinete custará um euro e serão cobrados 15 cêntimos por cada minuto de viagem.
Contas feitas, o desbloqueamento da trotinete fica a 50 cêntimos – metade do preço – se os utilizadores colocarem os veículos nos mais de 500 locais de estacionamento disponibilizados pela câmara municipal de Lisboa.
Se um QR code serve para desbloquear o veículo, no final da viagem, o preço é descontado da conta do utilizador, pagamento feito através do cartão de crédito e no qual não é necessário carregar previamente a conta antes de utilizar o serviço.
O veículo do último quilómetro veio para ficar
Felix Petersen salientou ainda que a empresa quer ser parte das “negociações com quem usa as trotinetes e quem anda a pé”, por exemplo, tendo a preocupação de não “inundar as cidades”. Diferenciando-se, mais uma vez, da concorrência, informa que as Flash “são recolhidas ao final da noite por uma empresa de logística”.
Sem informar o número exato que circulará pelas ruas da capital, limitou-se a dizer que “em função da análise à procura que tivermos, iremos ajustar a oferta”, sendo certo que, na fase de testes, em Lisboa, circularam “200”. A estas, somam-se “100” que circulam em Faro, cidade onde “43,5% dos utilizadores estacionaram de forma correta”, recebendo o bónus de 50 cêntimos.
Apesar de reconhecer que as trotinetes são um fenómeno “recente com indefinições e muito por aprender por parte cidades, governos, empresas e pessoas”, estas vieram “para ficar” e são um passo “desejável por todos”, assinalou João Vasconcelos, presidente do comité consultivo da Flash.
“Estes veículos complementam a oferta de transporte público, um quilómetro antes e um quilómetro depois nas deslocações”, sublinhou o antigo secretário de Estado da Indústria e fundador da Start Up Lisboa. “Fico agradado por Lisboa estar na linha da frente da mobilidade”, concluiu.
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