Yvonne é canadiana, trabalha remotamente e a tempo inteiro para uma plataforma de podcasts do Canadá e tem o seu próprio podcast, o Branding Lab Podcast. Adicionalmente, todos os dias dedica cerca de 2 a 3 horas à marca de biquínis que lançou em fevereiro deste ano. A vinda para Portugal, mais especificamente à Costa da Caparica, surgiu naturalmente depois de perceber o tamanho e qualidade da indústria têxtil no país, um setor muito relevante para a área de negócio que escolheu.
A ideia de criar uma marca de biquínis surgiu da falta de opções que sentia quando procurava roupa para a praia apta para a mulher comum, que lhe permitisse mover-se à vontade. Também queria certificar-se que não fazia parte de um problema, como o da sustentabilidade, e encontrou no empreendedorismo social uma forma de fazer parte da solução. Nasceu assim a marca Now in Rio Swim. Biquínis e fatos de banho desenhados para o corpo da mulher comum e feitos com nylon reciclado (Econyl) — em que uma percentagem das vendas reverte para uma associação de apoio a favelas no Brasil.
Uma das principais dificuldades que diz ter sentido quando decidiu lançar-se no mundo do empreendedorismo prende-se com o tempo que tudo demora. "Nas redes sociais tudo parece tão fácil, que nunca imaginei que fosse necessário tanto tempo", conta a empreendedora que levou dois anos a preparar o lançamento da sua marca. Quando o fez, sentia que ainda poderia ter adiado mais, mas seguiu o conselho de vários outros empreendedores: "É melhor arriscar e ir descobrindo o que melhorar", caso contrário, nunca se encontra a perfeição e nunca se atinge o momento ideal. Afinal de contas, é também importante testar o mercado para melhor afinar o produto e a sua estratégia.
No seu caso, esta demora prendeu-se sobretudo com a dificuldade que sentiu com as fábricas: por um lado, a barreira linguística que por vezes dificultava a negociação; por outro, a relutância de algumas com uma encomenda tão pequena quando comparada com as que são feitas por grandes marcas. Uma vez ultrapassado este obstáculo, a empreendedora confessa que pensava que no dia em que lançasse a coleção as suas vendas iriam explodir, mas também este processo revelou levar o seu tempo. Ainda assim, mantém-se otimista e considera-se um caso de sucesso: o produto vende e sente que a sua marca lhe permite ser uma mulher que empodera outras mulheres, um dos seus maiores objetivos.
Gostava de alargar a coleção em termos de padrões e cores, de aumentar quantidades de produção e de alargar a equipa, que atualmente conta apenas com a própria e o seu marido, mas para isso precisaria de investidores. A procura de investimento é outro dos processos que se revela moroso. Ao mudar de país durante uma pandemia, criar uma rede de contactos mostrou-se mais difícil do que esperava, pelo que bater a portas para encontrar o investidor certo para aquilo que procura é um processo difícil. Assim, irá manter-se num registo de bootstraping — termo utilizado pelos empreendedores quando se usam as próprias poupanças para criar um negócio, sem recorrer a créditos ou parceiros.
Para quem tenha vontade de enveredar por um caminho semelhante, Yvonne deixa dois conselhos: ser bondoso para com os próprios e a procura por algo que os apaixone verdadeiramente. Isto porque uma startup vai muito além de uma ideia inovadora. Requer tempo, dedicação e, sobretudo, financiamento.
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