Coordenado pelo francês MaMA Festival and Convention (FR), o JUMP é implementado por uma rede composta por um conjunto de festivais europeus, entre eles o português MIL - Lisbon International Music Network (27 a 28 de março). Durante nove meses, os profissionais que integram o programa terão seis momentos de formação onde poderão ainda alargar a sua rede de contactos. O primeiro grupo de incubados, dez startups, já estabeleceu os seus planos de ação e desde 9 de março, num evento em Manchester que ditou o arranque da primeira de três edições programa.
"A indústria da música está a mudar e está a mudar muito rápido. Houve uma mudança digital que mudou drasticamente o contexto e o ecossistema está evoluir. Acreditamos que é importante que os profissionais do setor musical se adaptem rapidamente às recentes transformações do mercado, desenvolvendo novas competências e novos modelos de negócios".
Quem o diz é Laura Gardes, uma das coordenadoras do JUMP. Ampliar os horizontes, conhecer diferentes mercados europeus e trocar ideias entre os diferentes contextos nacionais individuais é algo, diz a belga, "muito inspirador" e que dá ao programa contornos únicos.
A cada projeto selecionado é atribuído um tutor, alguém com a experiência necessária na indústria para dar feedback e uma rede de contactos de maneira a ajudar a ideia, que pode ser embrionária ou já estar sólida na sua execução.
O acompanhamento é feito mensalmente, com encontros marcados nos vários festivais parceiros do programa — o Un-Convention (Reino Unido), o M.E.S.O (Grécia), o Nouvelle Prague (República Checa) e o MIH (Itália) — e nos dois eventos associados, o XpoNorth (Reino Unido) e o Lollapalooza Berlin (Alemanha).
O próximo acontece já no final do mês, entre os dias 27 e 29 de março, em Lisboa, no MIL – Lisbon International Music Network. Durante esses dias o JUMP irá propor uma série de debates e workshops aos quais todos os profissionais com bilhete destinado à convenção podem assistir.
A relação entre projeto e o tutor pretende-se que seja o mais próxima possível, de maneira a que o projeto possa evoluir. As estratégias vão sendo ajustadas com o intuito das startups atingirem os seus objetivos no final deste ano.
Quem são as startups e tutores? Há talento nacional entre eles
Esta primeira ronda do programa dará mentoria e apoio a dez projetos, todos no âmbito da indústria musical, mas cujo foco da sua área de trabalho varia entre temas como o agenciamento, a saúde mental, a sustentabilidade ambiental ou a inteligência artificial. "Estamos muito entusiasmados por apoiar esses projetos que, com certeza, beneficiarão o setor como um todo", salienta Laura Gardes.
Já relativamente aos tutores, as dez individualidades destacam-se pelo seu trabalho no meio e pelo valor que podem dar aos projetos que acompanham, sendo que cada um tem apenas uma startup sob a sua orientação. São eles managers, responsáveis por festivais ou editoras.
Entre eles há capital nacional, seja nos projetos acelerados, como a Faniak de Nuno Santos, seja na mentoria, com o know-how de Márcio Laranjeira, da Lovers And Lolipops.
"Houve um grande interesse português no programa, recebemos um número significativo de candidaturas vindas de Portugal. Isso tornou o processo de seleção especialmente difícil, mas o projeto Faniak, liderado por Nuno Santos, foi votado por unanimidade pelo conselho do programa. Também estamos extremamente felizes com o Márcio Laranjeira, da Lovers and Lollypops", destaca a belga responsável pelo programa.
Nuno Santos é orientado por Phil Nelson, co-fundador do festival Great Escape, em Brighton, no Reino Unido. A Faniak assume-se como a primeira plataforma tecnológica portuguesa a querer utilizar a inteligência artificial parar gerir datas dos concertos, escolher as salas e comunicar com os fãs.
"Criei a startup a partir de uma necessidade minha: percebi como é que o mercado funcionava. Identifiquei alguns problemas e a minha maneira de corrigi-los foi criar o Faniak", diz-nos o empreendedor, e também músico, na banda Madrepaz.
Sobre o JUMP diz que o programa tem tudo aquilo que a sua startup precisa. "Pareceu-nos uma boa oportunidade. Estamos sempre a tentar levar a nossa ideia mais além e a tentar encontrar soluções para os nossos problemas. O feedback do nosso tutor, Phil Nelson, um manager com 30 anos de experiência, é valiosíssimo para nós", diz.
Bons profissionais criam valor na indústria
Márcio Laranjeira, um dos fundadores da editora Lovers And Lollypops, com uma carteira de bandas nacionais e responsável pelos festivais de música Milhões de Festa, em Braga, e Tremor, em Ponta Delgada, acompanha um projeto grego, a PerformAnts.
O tutor fala-nos um pouco mais do projeto que acompanha e a quem quer passar "a experiência de programação, de trabalhar com músicos com agenciamento".
"A Performants é uma plataforma de booking online onde artistas, salas de concertos ou promotores e programadores podem fazer a inscrição. Dentro dessa plataforma todas as pessoas que estão inscritas têm a possibilidade de aceder a conteúdos centralizados num só lado. É uma forma de clarificar o processo do booking, que muitas vezes não é muito direto. A plataforma pretende agregar e tornar mais fáceis os contactos entre artistas, salas e promotores".
Sobre o JUMP, Márcio Laranjeira destaca a importância da componente da formação de profissionais que tenham a sua área de trabalho associada à indústria da música.
"Para haver um crescimento sustentado de uma cena musical, em que os artistas possam desenvolver o seu trabalho de uma forma cada vez mais simplificada, é importante que os profissionais em redor dessa indústria também sejam cada vez mais capazes e cada vez melhor preparados. Esta plataforma é fundamental como algo paralelo à indústria, visando a capacitação de profissionais. Quanto mais profissional for a pessoa que está a trabalhar com um artista, mais confiança e mais condições lhe vai dar".
O JUMP tem mais edições já programadas. A próxima terá início em 2020, onde serão selecionados 15 projetos, e a terceira e última em 2021, onde serão selecionadas mais 20 startups. Apesar da maioria dos seus eventos e workshops se destinar exclusivamente aos projetos incubados, o programa disponibiliza no seu site — www.jumpmusic.eu — o conteúdo áudio desses painéis, em podcasts, de forma a "dar a oportunidade a um público mais amplo de beneficiar do conhecimento partilhado".
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