Lá vai o tempo em que os utilizadores do Discord tinham todos a mesma origem: os videojogos. Em 2012, quando começou a empresa, a aposta de Jason Citron parecia óbvia: “os smartphones e os tablets iam tomar conta do mundo e as pessoas iam jogar multiplayer games”. Por isso, construíram um jogo para tablets e smartphones com o objetivo de usar a rede de comunicação, mas, acidentalmente, acabaram por criar algo muito maior.
Assim, o Discord surgiu em 2015, com o objetivo de ser uma plataforma para os jogadores falarem entre si durante e depois do jogo criado pela empresa. Depois de lançada, Jason Citron convenceu os amigos a utilizarem a aplicação para comunicarem durante os jogos e, à medida que a palavra se foi espalhando, o Discord foi crescendo.
Além de permitir conversar em privado e ter discussões de grupo, por chat, chamada ou vídeo-chat, a plataforma permite a cada comunidade ter o seu próprio espaço, ou “servidor” personalizado não só na aparência, como em regras. Os utilizadores podem estabelecer e fazer cumprir determinadas regras nos seus grupos que podem ser fechados, com adesão apenas por convite, ou públicos.
Apesar de o fundador ter considerado que não houve um momento chave que levou a plataforma a ter um “boom”, a moderadora Ina Fried, jornalista na Axios, relembrou o momento, em 2017, quando o Discord percebeu que supremacistas brancos estavam a utilizar a plataforma de chat para se organizarem para o comício em Charlottesville. Um momento que os responsáveis do Discord perceberam e em que agiram rápida e publicamente.
“O incidente de que estamos a falar foi há muitos anos e foi, realmente, um momento para percebermos que temos de tomar uma posição forte e pró-ativa para nos certificarmos de que estamos a construir uma força do bem para um impacto positivo no mundo”, explicou Citron, assegurando que têm “orientações comunitárias muito rigorosas e uma política de tolerância zero para qualquer tipo de ódio ou extremismo” e que não aceitam pessoas com esse comportamento na plataforma.
O fundador recordou que “construíram uma forma espantosa de as pessoas poderem passar tempo juntas a falar sobre coisas pelas quais são apaixonadas" e que "a tecnologia é um reflexo do que as pessoas fazem com ela”.
Atualmente, a plataforma conta com uma equipa de segurança responsável por monitorizar os servidores, permitindo identificar comportamentos ou tópicos que considerem que violam os padrões de utilização do serviço.
Embora os jogos ainda levem muitos jogadores a reunirem-se no Discord, desde 2019 e principalmente desde a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a plataforma tornou-se uma “nova forma de falar” e tem sido adotada para as mais variadas atividades: dar aulas (uma vez que permite ter 50 pessoas no chat de voz ou vídeo), criar clubes de leitura, estudar em grupo, fazer trabalhos de casa, fazer música, recitais e várias atividades que permitem “passar tempo” entre pessoas.
“A nossa base de utilizadores cresceu mais de 50% desde fevereiro, como resultado de tantas pessoas que procuraram um lugar digital, como o Discord, para se ‘ligarem’ e passarem tempo de qualidade com as suas comunidades e amigos”.
Assim, ouvindo as necessidades dos seus utilizadores, a plataforma tornou-se um local onde as pessoas se reuniam para “estar” e conversar, uma mudança que foi feita em julho. Como explica Jason Citron, sem algoritmos e sem conteúdos virais, a plataforma é sobre “passar tempo de qualidade”.
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