O programa de inteligência artificial (IA), chamado Pluribus, derrotou o profissional de póquer Darren Elias, que detém o recorde na maioria dos títulos do World Poker Tour, mas também Chris “Jesus” Ferguson, vencedor de seis eventos do World Series of Poker. Cada profissional jogou separadamente 5.000 mãos de póquer contra cinco cópias do “Pluribus” (que jogava contra ele próprio).
Noutra experiência envolvendo 13 profissionais, que ganharam mais de um milhão de dólares a jogar póquer, o programa jogou ao mesmo tempo com cinco deles e também ganhou.
“Pluribus alcançou um desempenho sobre-humano num jogo de póquer com vários jogadores” salientou Tuomas Sandholm, professor de Ciência da Computação, um dos mentores do “Pluribus”, num artigo publicado hoje na revista Science.
O responsável explicou que até agora os recordes no raciocínio estratégico se tinham limitado à competição entre duas partes e que “a capacidade de vencer outros cinco jogadores num jogo tão complicado abre novas oportunidades no uso da IA para resolver uma grande variedade de problemas no mundo real”.
“Jogar um jogo de seis jogadores ao contrário de um frente a frente exige mudanças fundamentais na forma como a IA desenvolve a estratégia de jogo”, disse Noam Brown, cientista e investigador do Facebook, que acrescentou: “Estamos encantados com o seu desempenho e acreditamos que algumas das estratégias de jogo do ‘Pluribus’ podem mesmo mudar a forma como os profissionais jogam o póquer”.
E o jogador derrotado Darren Elias lembrou que o programa não estava a jogar com profissionais medianos, mas com alguns dos melhores jogadores do mundo.
Sandholm liderou uma equipa de investigação que estudou o póquer durante 16 anos e já tinha criado antes do “Pluribus” o “Libratus”, que há dois anos também derrotou profissionais do póquer.
Os jogos de xadrez, por exemplo, têm servido como marcos para a pesquisa de IA. Mas nesse caso os jogadores sabem como está o tabuleiro e onde estão todas as peças. No póquer o desafio é maior porque a informação não está completa, os jogadores não sabem que cartas estão em jogo e se os adversários poderão estar, e estão muitas vezes, a fazer ‘bluff’.
Mas a IA do “Pluribus” também não é previsível como uma máquina costuma ser. Apostar sempre que tivesse a melhor mão possível seria lógico, mas se apostasse apenas quando tivesse a melhor mão tal iria ser percetível rapidamente.
É por isso que o “Pluribus” calcula uma estratégia equilibrada tendo em conta todas as possibilidades. Como a de ter a melhor mão e não apostar.
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