O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes e Infraestruturas da Turquia, Abdulkadir Uraloglu, depois de o Governo ter já na semana passada bloqueado o acesso à rede social no país e ter convocado alguns responsáveis da plataforma digital por causa da mesma questão.

A decisão foi contestada pelo Tribunal Constitucional turco, que considerou que o regulador da Internet no país, a Autoridade para as Comunicações e Tecnologias da Informação (BTK), tinha ultrapassado parcialmente as suas competências.

Agora, Uraloglu indicou que o bloqueio se deveu “às políticas implementadas” pela plataforma.

“Vamos reunir-nos novamente com eles esta tarde”, acrescentou o ministro, na sua conta oficial da rede social X (antigo Twitter).

“Esperamos que eles façam o necessário para satisfazer as nossas exigências. Esperamos que haja notícias positivas”, disse Uraloglu.

As autoridades turcas argumentaram que o bloqueio do Instagram era uma resposta aos “dois pesos e duas medidas” da plataforma, que “no Ocidente age com rapidez quando se trata de penalizar conteúdos que considera criminosos”.

Pouco depois, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou as empresas das redes sociais de silenciar as vozes palestinianas e afirmou que a sociedade no seu conjunto enfrenta um “fascismo digital” devido à censura.

“Estamos perante um fascismo digital que nem sequer tolera fotografias de mártires palestinianos e censura-as imediatamente”, declarou, acrescentando que as empresas de comunicação social “se tornaram militantes” e são incapazes de “tolerar uma única frase que critique Israel”.

Segundo o chefe de Estado turco, o mundo está a testemunhar que estas empresas “agem como uma máfia em tudo o que afeta os seus interesses”, informou a agência noticiosa estatal Anatolia.

A comunicação social turca especulou que o bloqueio poderá ter sido uma medida de retaliação pelo desaparecimento de várias mensagens publicadas por utilizadores turcos de condolências pela morte de Haniyeh, a meio da semana passada, em Teerão, num ataque atribuído a Israel mas sobre o qual o país ainda não se pronunciou.

A BTK foi criada por decreto do Presidente turco em julho de 2018 e goza de poderes extraordinários para cortar o acesso às plataformas e redes sociais na Turquia, se o considerar necessário, graças também ao enorme orçamento de que dispõe, superior ao de vários ministérios.

Os críticos da agência consideram-na, bem como ao seu diretor, Fahrettin Altun, um braço de propaganda ao serviço de Erdogan e do seu Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP).