A nova presidente executiva, Katherine Maher, entrou em palco para a abertura do evento por volta das 18h30 e deu as boas-vindas a todos os presentes a Lisboa. Sendo o primeiro ano como CEO da Web Summit, Maher recordou que não é a primeira vez naquele palco, que pisou já em 2019.
Katherine Maher falou também na polémica com os tweets de Paddy Cosgrave, a propósito do conflito entre Israel e o Hamas.
"Acho importante dizer que acredito que todos, em qualquer lugar, têm o direito de expressar as suas opiniões sobre qualquer assunto, incluindo o que está a acontecer no mundo", afirmou a CEO "há apenas duas semanas".
"Isto é verdade" quer seja para pontos de vista ou não, acrescentou Katherine Maher, arrancando uma salva de palmas da plateia na Altice Arena repleta de participantes.
"Se não tivéssemos o direito à liberdade de expressão ou o direito ao debate, os nossos palcos da Web Summit estariam vazios de ideias, de desafios e de mudança", rematou.
A CEO falou do que levou à saida de Paddy Cosgrave, referindo que devia isso às pessoas que estão no evento e às que decidiram não vir ao evento.
Como nova presidente executiva defendeu o direito às ideias e à liberdade de expressão, porque a Web Summit é um lugar onde as pessoas vêm para desafiar e para serem desafiadas, considerando que tal seja feito "com respeito" e defendam "a humanidade uns dos outros" durante essas conversas.
Num pequeno exercício, a nova CEO pediu que todos os participantes se levantassem e conhecessem três pessoas à sua volta, saindo ela também do palco para fazer o mesmo. Depois, lembrou que é esta a dinâmica esperada durante toda a Web Summit.
De seguida, foram recebidos em palco o presidente executivo da Unbabel, Vasco Pedro, e a managing partner da Indico Capital Partners, Cristina Fonseca, para uma conversa sobre inteligência artificial. Na inauguração falou também o fundador da Wikipedia, Jimmy Wales.
"Uma fantástica plataforma para conectar pessoas e ideias"
O ministro da Economia e do Mar afirmou hoje que a Web Summit é "uma fantástica plataforma para conectar pessoas e ideias" que podem mudar o mundo, nomeadamente para ajudar a resolver a questão climática.
Há problemas que "podem ser resolvidos apenas com inovação, com tecnologia" e a Web Summit "é uma fantástica plataforma para conectar pessoas e ideias" que podem mudar o mundo, disse o governante.
"Precisamos desesperadamente destas novas ideias para resolver as questões-chave do nosso tempo" como, por exemplo, as alterações climáticas, destacando ainda o degelo.
Quanto à inteligência artificial, disse que esta será a "eletricidade do século XXI", representando o mesmo papel, "mudando" vários setores da economia.
António Costa Silva falou ainda de duas abordagens, a do Star Trek e a do Matrix. "Podemos escolher um mundo como o Star Trek ou um mundo como o Matrix", referindo que estes dois extremos "podem ilustrar a escolha" que está à frente de todos.
"Se fizermos a abordagem do Star Trek, a tecnologia será usada para combater a pobreza, a desigualdade, de dar a todos os cidadãos a oportunidade", apontou. No outro lado, a do Matrix, que significa que a tecnologia não é usada no sentido certo, "não serão dadas oportunidades aos cidadãos", referiu.
Lisboa como "porto seguro da inovação"
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou que, depois da Fábrica de Unicórnios, tem um novo projeto para Lisboa, o de tornar a capital portuguesa um "porto seguro da inovação" para salvar a democracia e a humanidade.
"Hoje quero anunciar um novo projeto para Lisboa. Queremos ir da Fábrica de Unicórnios ao porto seguro da inovação, o lugar onde te sentes livre", prosseguiu o autarca, que no início do discurso deu as boas-vindas aos participantes da Web Summit à "cidade dos sonhos".
"Há dois anos estava aqui para falar do meu sonho" que era "fazer Lisboa a capital da inovação da Europa", prosseguiu, referindo que a inovação é "um processo, é sobre trabalho árduo".
E por isso foi criado em Lisboa a Fábrica de Unicórnios, que na altura "ninguém acreditava" que fosse acontecer, recordou.
Dois anos depois da Fábrica de Unicórnios existe, tem "mais de 54 empresas tecnológicas" que vieram para Portugal, para Lisboa, de 23 países para criar empregos na capital portuguesa, apontou.
Dessas, "12 são unicórnios", salientou, apontando que as tecnológicas anunciaram "mais de 10 mil empregos em Lisboa", o que o deixa "muito orgulhoso" de ter criado a Fábrica.
Na sua intervenção, Carlos Moedas recordou que, quando os fenícios criaram a cidade de Lisboa, chamaram-na de Allis-Ubo, que significa "porto seguro".
"Porto seguro porque esta era a cidade em que durante séculos as pessoas trabalhavam juntas, de diferentes religiões - muçulmanos, judeus, cristãos - trabalhavam juntos em diversidade", prosseguiu.
Daí o novo desafio hoje a apresentado hoje por Moedas, de um porto seguro da inovação.
"A diferença em Lisboa é que ninguém quer mudar ninguém. Damos as boas-vindas a todos e todos têm o direito de ser o que querem ser. Essa é a beleza disso, mas há um desafio para a vossa geração: se querem democracia, se querem um futuro para as vossas crianças, têm de focar a tecnologia na humanidade", alertou.
"Têm de ter um projeto para mudar a tecnologia para melhor e isso significa que todos vós, com as vossas empresas, têm de trabalhar para resolver os problemas de hoje", disse Carlos Moedas, que passam pelas questões de habitação, passando pela saúde, alterações climáticas.
"Quero que venham para Lisboa ajudar-nos a resolver isso porque é o único caminho" em que podem contribuir para o futuro do mundo, "se a tecnologia se tornar algo que ajuda a humanidade e a democracia", desafiou.
"A vossa responsabilidade a partir da agora" é passar da inovação que estão habituados à "inovação que pode ajudar a democracia".
Ao início da tarde, as filas de acesso ao palco principal da Web Summit, na Altice Arena, onde decorre a sessão de abertura, já contavam com quilómetros de extensão.
O evento inaugural estava marcado para as 16:00, mas sofreu um atraso de mais de duas horas.
O evento, que se realizou pela primeira na capital portuguesa em 2016, conta este ano com 2.600 'startups', "o maior número de história" da Web Summit, de acordo com a organização, com 900 investidores, cerca de 2.000 media confirmados, 300 parceiros, 800 oradores, num total de 70.000 participantes, em que 42% são mulheres. Ao todo, estarão representados 160 países.
A inteligência artificial (IA) é um dos temas em destaque no evento deste ano, que foi marcado pela demissão do cofundador Paddy Cosgrave da presidência executiva da Web Summit, na sequência de declarações que fez na rede social X (antigo Twitter) sobre o conflito que envolve Israel e o Hamas.
Em 21 de outubro, Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo, tendo sido substituído pela antiga diretora da Wikimedia Foundation Katherine Maher.
A oitava edição da Web Summit acontece em Lisboa poucos dias depois do primeiro-ministro, António Costa, ter apresentado a demissão.
Após as duas primeiras edições na capital portuguesa, a Web Summit e o Governo anunciaram, em 2018, uma parceria de 10 anos, o que mantém a cimeira em Lisboa até 2028.
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