A Corveta NRP 477 General Pereira D’Eça, afundada em 2016, segundo recife artificial do Porto Santo, foi eleita um dos panos de fundo do 18º campeonato do mundo de Fotografia Subaquática e 4º campeonato do mundo de Vídeo, eventos a decorrerem em simultâneo no Porto Santo, Madeira, de 4 a 9 de outubro.
Localizado a 1,6 km da costa e submerso a uma profundidade de 30 metros, os 83m de comprimento, 10,3m de largura e 20,3m de mastro do antigo navio de guerra português que jaz numa nova missão no fundo do mar da Ilha Dourada, é um dos quatro locais oficiais das duas competições mundiais, existindo ainda outros dois de reserva.
“Até à data temos a confirmação de 15 seleções”, informa Pedro Vasconcelos, capitão e selecionador nacional, a vestir a pele da organização nos dois mundiais, em estreia em Portugal, numa organização conjunta da Associação de Natação da Madeira (ANM), da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas (FPAS) e da Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas (CMAS).
Cada país pode apresentar duas equipas, de duas pessoas cada, para fotografia e vídeo. Um fotógrafo e um videógrafo e respetivos assistentes/modelos, até ao máximo de oito participantes por bandeira nacional. Em números redondos, “esperamos cerca de 150 atletas e 70 a 80 pessoas da organização”, anota.
Uma só máquina na água e 300 fotografias por dia
Em relação ao mundial de Fotografia, são seis as categorias em avaliação. “Peixe, Macro, Tema (escolhido o tema dos crustáceos), Ambiente, que engloba fauna e flora sem presença humana, Grande Angular, e aqui entra a fauna, flora e Homem, devendo o assistente, que serve de segurança e ajuda na busca de motivos, servir como modelo e a Criativa”, explica Pedro Vasconcelos.
Os “atletas-fotógrafos”, avisa, “só podem submeter quatro fotografias a quatro categorias”, logo, “uma equipa pode ser quatro vezes campeã”, existindo seis títulos mundiais a atribuir.
Para a competição só é permitida uma única máquina na água. “Mas posso vir à superfície trocar dentro dos 90 minutos de cada um dos mergulhos. E o assistente tem de subir”, relembra. Sem telemóveis nem computadores “por perto”, as máquinas fotográficas “são formatadas à frente dos controladores”.
Cada uma das equipas pode tirar “até ao máximo de 300 fotografias por dia”, atira. “Não podem ser apagadas”. A prova tem ainda uma particularidade: “Não é permitido edição nem pós-edição. É tudo feito debaixo de água e nada pode ser feito no computador”, adianta. Há uma exceção: “Na criativa, posso fazer um crop, mas a edição será sempre na água”, sublinha.
Dois dias de competição, quatro mergulhos julgados
Em vídeo, são três as categorias: “Longo, Curto e Sem Edição”, anuncia. À imagem do sucedido com a Fotografia, os videógrafos não podem apresentar trabalhos sobre tudo o que filmam. “Podem submeter duas categorias”, nota.
Pedro Vasconcelos detalha uma delas: “A Sem Edição, não terá som, dura no máximo 1 minuto, posso filmar uns frames fora de água, fazer 10 clips de uma história e mudar a sequência, mas nunca editar”, reforça.
Ambas as competições decorrem durante dois dias. “Ao todo, quatro mergulhos, dois em cada dia de prova”, frisa Pedro Vasconcelos, que já participou “em dois campeonatos do mundo, um na qualidade de assistente e outro como fotógrafo”, recorda. Tudo o que é filmado e fotografado “fica com a organização, que recebe antes dos participantes descarregarem o material”.
Rui Bernardo (Fotógrafo) e Sónia Bernardo (modelo/assistente), campeões do mundo em fotografia subaquática na categoria "Peixe", em 2019, em Tenerife, Espanha, e a dupla Luís Campos (Fotógrafo) e Sofia Pereira (modelo/assistente) constituem a equipa nacional para 18º Campeonato do Mundo de Fotografia Subaquática. Filomena Sá Pinto é a capitã.
As cores nacionais estarão representadas no 4º Campeonato do Mundo de Vídeo Subaquático através das duplas Gonçalo Gomes (videógrafo) e Ana Gomes (modelo/assistente) e Gui Costa (videógrafo) e Paulo Correia (modelo/assistente). Manuela Passos assume o papel de capitã.
Em 2019, Portugal arrecadou ainda uma medalha de prata e de bronze por Rui Palma (fotógrafo) e Carla Siopa (modelo/assistente), na categoria “Tema” e “Grande Angular”, respetivamente.
Comentários